Volvidas mais de três décadas da plantação de árvores da espécie “Robinia” ao longo da Alameda do Poder Local na Zona Escolar da cidade de Ovar, em ambos os sentidos, há muito também se vinha assistindo às graves consequências desta espécie invasora, com particular incidência na destruição das áreas pedonais da Alameda, cujas tentativas de nivelamento, através do levantamento e remoção de raízes, para nova reposição do material do pavimento não teve sucesso. Consequências das opções paisagísticas na época de introduzir esta espécie numa nova zona em crescimento, que se tornou mesmo uma praga em toda a área envolvente.
Ainda que a decisão do Município passe por diferentes fases, a primeira centrou-se do lado nascente, esperando-se agora que a sua substituição seja por árvores mais adequadas e não invasoras. Para numa segunda fase limpar finalmente esta espécie pouco favorável à preservação da biodiversidade, segundo aliás, diretivas europeias.
Curiosa foi a intervenção relâmpago da empreitada de abate das árvores “Robinia”, num tempo em que as redes sociais fazem de imediato denuncias (verdadeiras ou falsas) e numa zona rodeada de comunidades escolares, que pela falta de informação, foram surpreendidas e pouco mais, tal foi a eficiente e rápida remoção de todo o material cortado, que refletia igualmente também a perigosidade destas árvores com troncos pobres, que as tornavam igualmente um perigo para a segurança de peões e automobilistas numa das principais vias de entrada e saída da cidade a norte.
Perante a curiosidade e surpresa manifestada por transeuntes, face a uma intervenção aparentemente contraditória com as preocupações ambientais, como é sempre o corte de uma árvore, esta poderia ter sido uma oportunidade de sensibilização em meio escolar, no âmbito do exercício de cidadania e educação ambiental, não só sobre as consequências nefastas mais visíveis na destruição dos pavimentos, mas fundamentalmente, a necessidade de controlar a progressão desta espécie, que ironicamente foi imaginada no projeto do Município para embelezar uma tal Alameda de acesso a equipamentos públicos, como a Piscina Municipal, as escolas ou a CRECIVAR, incluindo as cooperativas de habitação.
Sem ostracizar esta espécie vegetal e sem negar o seu lugar na paisagem natural da biodiversidade, a sua história diz que recebeu o nome “Robinia” em homenagem ao jardineiro de Henrique IV, Jean Robin, que a introduziu na Europa, semeando a primeira árvore desta espécie em 1624.
“Robinia” é também designada como: falsa-acácia; acácia-da-terra; acácia-de-flores-brancas; acácia-bastarda; acácia-boule; acácia-para-sol ou ainda, falsa-acácia ou acácia – bastarda. Espécie invasora que por cá exige vigilância, tal é a sua capacidade de resistência.
A gestão de espécies invasoras nesta região litoral envolve projetos das Universidades de Coimbra e de Aveiro, com ações de prevenção, controlo e erradicação de espécies exóticas invasoras. Estratégias que passam também pela Comissão Europeia com novas leis para melhor combater as espécies invasoras na Europa.
Texto e fotos: José Lopes
01mar19