De 9 a 10 de julho, o Auditório do Centro de Investigação Médica da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto acolhe a mais recente edição do Curso de Atualização em Doença Vascular Cerebral, organizado anualmente pela Associação para o Estudo de Doenças Neurovasculares (AEDN), com o patrocínio científico da Sociedade Portuguesa do AVC. Percorrendo as grandes áreas de intervenção na cadeia do AVC, esta iniciativa promove a articulação multidisciplinar entre as diferentes especialidades competentes neste campo. Além de analisar as principais novidades que marcam a atualidade no combate à doença vascular cerebral, este ano a formação explora “temas quentes” que prometem animar o debate.
Dirigido aos profissionais de saúde envolvidos no esforço pluridisciplinar de prevenção, tratamento e reabilitação do AVC, o Curso de Atualização em Doença Vascular Cerebral, promovido há mais de duas décadas consecutivas, é especialmente vocacionado para fornecer guias de atuação na prática clínica.
Ministrada por especialistas com ampla experiência nesta área, esta formação não se limita a englobar “palestras apenas sobre orientações de normas clínicas”, mas dá particular relevo a “questões que ainda estão por resolver, promovendo assim o debate”, adiantou a Dr.ª Marta Carvalho, membro da Comissão Organizadora do Curso.

Como explicou a neurologista do Centro Hospitalar Universitário de São João, esta edição centra-se em “questões não consensuais na comunidade médica”, com especial enfoque na “fase aguda e na prevenção primária e secundária”.
De acordo com a Dr.ª Marta Carvalho, “o manejo da hipertensão arterial na fase aguda, a trombólise intravenosa e o tratamento endovascular no AVC minor, assim como o encerramento do apêndice auricular” são exemplos de alguns dos “temas quentes” em debate.
Por outro lado, completou a especialista, o Curso dará ênfase “a marcadores de risco de doença vascular cerebral, como o estudo de placas instáveis”. A inovação terapêutica também merece destaque, nomeadamente no que concerne aos “novos tratamentos dos fatores de risco vascular”, como é o caso dos inibidores da pró-proteína convertase subtilisina quexina tipo 9 (PCSK9). Do mesmo modo, rematou, a discussão vai incidir sobre estratégias que permitem “tirar melhor partido de outras terapêuticas já existentes”, designadamente no que toca aos anticoagulantes orais diretos.
Abordando transversalmente as várias fases de intervenção no combate ao AVC, esta iniciativa integra sessões que “visam o controlo dos fatores de risco vascular e a identificação de marcadores de risco”, apontou a Dr.ª Marta Carvalho. Igualmente alvo de reflexão serão “a abordagem diagnóstica e terapêutica do evento agudo, o manejo de complicações e prevenção secundária”, sem esquecer a “reabilitação”, frisou a responsável.
Segundo a médica neurologista, em 2019 a organização apostou em “aprimorar as oportunidades de interação com o público”, sobretudo no âmbito das sessões de casos clínicos, “recorrendo ao televoto”. Assim acontecerá, por exemplo, com a sessão “Síndromes neurovasculares – onde está a lesão? Clínica e imagem aplicadas a casos clínicos”, agendada para o primeiro dia do evento.
A sessão de comunicações livres dedicada à “apresentação de casos clínicos problemáticos” será outro dos highlights do programa científico. Este espaço privilegiado de “debate e aprendizagem” vai procurar “suscitar a discussão entre pares”, detendo-se particularmente sobre casos que “tragam uma mensagem importante para a prática clínica”, salientou a Dr.ª Marta Carvalho. “Pretende-se que seja debatido o diagnóstico mais provável, que meios complementares poderiam ser úteis, bem como possíveis orientações de futuro”, explicitou.
Em cima da mesa estarão igualmente temas que marcam a agenda no campo da doença vascular cerebral, dentro e fora de portas. No plano nacional, será apresentada a “Rede de intervenção no AVC da Administração Regional de Saúde do Norte”. Já no plano internacional, o foco recairá sobre as “Novidades da European Stroke Organization Conference 2019”. Outro tópico de grande atualidade e “impacto na sociedade” é o défice cognitivo vascular, sobre o qual o Curso também se debruçará, apontou a Dr.ª Marta Carvalho.
A representante da Comissão Organizadora chamou ainda a atenção para as “novidades nos temas dos workshops”, que encerrarão a ordem de trabalhos no final do segundo dia do evento. Propondo-se a responder a “diferentes pontos de interesse” em matéria de doença vascular cerebral, as quatro sessões práticas decorrerão em simultâneo.
Haverá um workshop intitulado “Défice neurológico agudo – quando pensar em AVC?”, para além do tema “AVC e inflamação/genética”, no qual se fará uma revisão de “causas menos comuns de AVC”, mas não por isso menos relevantes, dado “atingirem frequentemente indivíduos jovens” e poderem evidenciar uma “evolução catastrófica”, salientou a especialista. Dirigido sobretudo a “não neurorradiologistas”, por seu turno, o workshop “Imagem no AVC” visa “facilitar a interpretação da imagem cerebral na fase aguda”. Por último, concluiu, terá lugar um workshop com enfoque na “Avaliação da afasia e da apraxia pós-AVC”, perturbações que se afirmam como “défices corticais com grande impacto na qualidade de vida e funcionalidade do doente”.
À semelhança do que se verificou em anos anteriores, a Comissão Organizadora espera “um elevado número de participantes” também na presente edição. A Dr.ª Marta Carvalho recordou ainda que os trabalhos apresentados serão publicados no International Journal of Clinical Neuroscience and Mental Health.
Texto : SPAVC / EeTj
Foto: pesquisa Google
01jul19