Carla Ribeiro
Perdi a conta das vezes que sufoquei as lágrimas para não chorar, porque simplesmente não me permitia a chorar as minhas dores.
Perdi-me na dor, com a mesma facilidade com que o poeta se perde na solidão das suas palavras, e na tela onde as pinta.
Fugi de mim mesma com a mesma força e leveza com que o lavrador lança as semente na terra, na esperança de tempo favorável para uma boa colheita.
Não me permiti chorar tantas as vezes que as sementes não me ofereceram o alimento que esperava.
Lancei sementes de Amor, humildade, afeto, respeito, e tantas foram as vezes que cerrei o eu coração num qualquer espigueiro para não chorar as lágrimas que o esgadanhava e fazia sangrar… Porque não me permitia chorar a dor, tão pouco a vergonha, o nojo ou a mentira.
Guardei dentro de mim, trancadas num baú somente meu, todas as mágoas, todas estas sementes carregadas de dor, que a vida me ofereceu, e, que não me permiti ser Humana para chorar, e atingir a intensidade do mar calmo que me abraça em cada lágrima.
Não me permiti chorar, e não alcancei a grandiosidade de ter simples momentos de paz…
Não me permiti chorar, pois de mim esperavam a força de um farol, ou a sabedoria de um profeta, e perdi-me na solidão das minhas lágrimas caladas…
Arranco de mim cada espinho cravado, e sinto na leveza do meu coração a leveza dessa dor que me sufoca, que em lágrimas se transformam e no meu rosto correm, porque hoje, hoje eu permiti-me chorar todas essas dores, arrancando cada espinho, e deixei que o melhor mim; o Amor, brotasse em cada poro do meu corpo, brilhasse no meu olhar, e se espelhasse nesse mar, que outrora tinha medo de enfrentar.
Cerrava-me nas horas de sofrimento, como quem acende uma vela, que ardendo, consome o meu ar e me tolhe a alma e o Ser, tirando a luz do meu caminho, e deixava, que a ignorância da vida me conduzisse nos seus caminhos, sem me permitir chorar.
Não me permitia chorar, e nem percebia o quanto deixava a cada dia de me Amar…
Agora choro, descobri a arte de viver, com as lágrimas; ora de dor, ora de Amor, ou simplesmente felicidade.
Não me permitia chorar…
Até breve com novos “sentir”, novos “amar”…
Boas Férias
Namasté
Foto: pesquisa Google
01ago19
Um texto muito belo querida Carla Ribeiro, amei.Boa noite
Também já perdi a conta das vezes que a vida me roubou o tempo, para poder alegrar o meu coração cerrado no caminho da solidão. Por amor aprendi a ser tolerante com a vida, apesar de por vezes ter vontade de desistir. A. F. .
Lindo Carla
Um bjo e boa terça feira
Sim, amiga Carla, quantas vezes ” o choro de boas lágrimas ” é tão somente o esperado conforto, é a redenção, o cortar a meta e logo recomeçar.
E depois de abrir o olhar encerrado pelas lágrimas, prosseguimos com novas forças….e coragem.
Parabéns pelo belo escrito e sua partilha.
Bj. António
Um texto emocionante.
Beijinhos
Lindo texto…dizem que chorar limpa a Alma,
beijinho Carla,
MAGNIFICO
PARABENS
BJS
Adorei o texto e…Namasté!
Amiga e para quem te conhece, jamais imagina essa luta que travaste durante anos, pois todos achamos que és o nosso porto abrigo, a força que procuramos e tantas vezes injustamente nem percebemos que é tu quem mais necessita de colo. Aprendi a gostar de ti coo és e pela melodia da tua voz já seu perceber quando não estás bem, mas acredita que não é fácil… pois como tu mesma escreveste .. Tu não te permitias chorar-te.
És mesmo uma MULHER enorme no teu seu HUMANO.
E, se algum dia não perceber que precisas chorar, por favor cala-me, liga-me e chora, pois um és uma Amiga para toda a vida.
O teu texto está simplesmente autentico como tu e maravilhoso.
Beijinho e aquele nosso enorme abraço