Weihua Tang
Atualmente, a palavra “coronavírus” é certamente a mais falada e a mais usada em todo o mundo. Por acaso, em 2003, quando vim para Portugal, o povo chinês acabara de conseguir conquistar e vencer a batalha contra o SARS. E acredito num provérbio chinês: “As nuvens negras não conseguem cobrir o sol”!
Coincidentemente, este desastre aconteceu antes do Ano Novo Chinês, o qual é o maior e o mais importante festival da China. Quase ninguém reparou que uma desgraça se aproximava, enquanto o povo chinês preparava a grande festa. Como estou aqui, em Portugal, a atmosfera do Ano Novo Chinês Lunar era muito menos entusiástica do que na China. Apesar de não ser “discriminatória”, pessoalmente, não aprecio muito este signo “Rato”, embora seja um ano do “Rato de Ouro”.
Ainda me lembro de um susto enorme que apanhei na minha adolescência. Um certo dia, cheguei a casa e, como era habitual, fui tirar arroz dentro de um balde de metal, por baixo da cama. Quando eu estendi a mão direita para mexer no arroz, de repente, ouvi um barulho estranho, senti uma coisa, ou seja, uma “arma” a saltar que mordeu o meu dedo! Gritei instintivamente, não pela dor mas, sim, pelo susto imprevisto. Tentei desesperadamente abanar a mão para escapar à “agarra” da “arma”.
Acima de tudo, não consegui reagir por tal surpresa. Só comecei a chorar quando percebi o que era! Conseguem imaginar o pânico em que eu estava?! Ridiculamente, foi uma “ratoeira”!!! E, quando contei o acidente ao meu pai, ele riu-se, porque o objetivo de colocar uma “ratoeira” era para apanhar um rato em vez de assustar a própria filha. A partir daí, o “rato” já deixou uma má impressão na minha memória. Drasticamente, ainda havia muitas propagandas, espalhadas pelos muros em vários sítios, sobre “matar as quatro pragas”, e, ironicamente, o “rato” era o primeiro da lista. Além disso, as grandes pragas que aconteceram na história da humanidade, também tinham a ver com o “rato” e as doenças que transmitiram.
Contudo, em 2008, no “Ano do Rato”, tiveram lugar os XXIX Jogos Olímpicos, realizados com grande sucesso na capital Beijing, na China. As competições marítimas das velas e remos, foram realizadas na minha terra natal — Qingdao. A cerimónia da abertura dos Jogos Olímpicos em Beijing foi impressionante, magnífica, fantástica, incrível e inesquecível. O desenvolvimento inacreditável da minha pátria, deixou o mundo conhecer não só uma nova China, mas também um país incomparável. Sendo uma chinesa de gema, fiquei emocionada, admirada e orgulhosa por esse milagre!
Doze anos depois, o “Rato” voltou a iniciar uma nova década. Mas, desta vez, o ambiente e as alegrias da festa, inesperadamente, foram cobertas pelas “nuvens negras” em todo o lado, na China. As notícias de “Última Hora” sempre me deixam preocupada e nevosa. Nunca consegui compreender plenamente o verdadeiro significado da palavra “pátria”, até este momento. Sobretudo, mal ouvi a canção patriótica “Grande China”, fiquei imediatamente comovida, nostálgica, e sem palavras, as lágrimas caíram-me devagarinho, e, bloquearam a minha visão…
GRANDE CHINA
Todos nós
Temos uma família
Chamamos-lhe a China
Muitos irmãos e irmãs temos
Com a paisagem magnífica
Enrolando dois “dragões” em casa
Rio Yangtze e Rio Amarelo
Ainda a montanha Qomolangma
A mais alta temos
Todos nós
Temos uma família
Chamamos-lhe a China
Muitos irmãos e irmãs temos
Com a paisagem magnífica
Olhem
A grande muralha
Com dez mil quilómetros
Nas nuvens shuttle
Olhem
O Qinghai-Tibet Platô
Mais amplo que o céu
Ó nossa Grande China
Que gigante família
Após quantos ventos
E quantas chuvas
Ó nossa Grande China
Que enorme família
Para sempre, para sempre
E vou acompanhar- te
Ó China
Te abençoo
Estás sempre no meu coração
Ó China
Te abençoo
Nem milhares de palavras
Preciso
Hey!
Fotos: pesquisa Google
01mar20
A sua canção patriótica ” Grande China” também me comoveu. Estou rendida ao espírito de união e responsabilidade cívica do povo chinês! Nesta crise que enfrentamos chamada covid-19 têm sido um grande exemplo para o mundo. Bem hajam!
Muito obrigada por nos dar a conhecer a vossa cultura
Gostei do seu texto, sempre muito interessantes os artigos, em que desvenda mais o seu País natal.