Weihua Tang
Enquanto o mundo entra numa nova década, a China, entra no primeiro dos doze animais do milenar Zodíaco chinês, o signo do “rato”.
Toda a gente sabe que o rato é o “inimigo natural” do “gato”. Dizem que os chineses comem tudo que voa no céu, menos o avião; tudo que tem pernas na terra, menos as mesas; tudo que nada na água, menos o submarino… É verdade! Na China, já comi tantas coisas estranhas na minha vida, mas nunca tive coragem para provar o “gato”. Sabem porquê? Segundo a lenda, da tradição chinesa, falava-se nas nove vidas do felino!
Lembro-me na minha infância de termos um gato em casa. Como vivíamos em casas, em vez de apartamento, na década de setenta do século passado, na China, às vezes havia ratos lá fora. Por isso mesmo, o objetivo de criar este gato era para matar os ratos. Durante o dia, o nosso gato costumava sair para apanhar os “inimigos” e, à noite, voltava para casa. No inverno, ele abusava da minha inocência e gentileza, porque gostava de entrar na minha cama secretamente para dormir comigo.
Um certo dia, o meu pai disse-me, de repente, que o gato tinha morrido por ter comido uma “ fartura venenosa ” que matava os ratos. Infelizmente, os ratos não foram mortos, mas mataram o nosso gato, por acidente. Fiquei triste, porque já o considerava como um membro da família, embora não fosse um “pet mimado” como os gatos de hoje em dia. Contudo, este “felino” já havia deixado a sua imagem e a sua impressão na minha memória. Na realidade, eu era uma apreciadora de gatos.
De facto, os chineses têm o hábito de dizer que o gato é uma “criatura psíquica” com nove vidas. A verdade é que na China e noutros países existem vários mitos sobre o número de vidas do gato. Segundo um ditado popular, o gato tem uma vida resistente e duradoura, ou seja, o gato consegue reparar-se e sobreviver em situações de risco. Além disso, o seu fantástico sistema imunitário tem uma função de autocura mesmo que seja uma lesão fatal.
Por isso, os antepassados imaginavam que o gato tinha mais do que uma vida. Na China, tal como no Egito Antigo, o gato teria 9 vidas, e, em Portugal, ouvi dizer que só tem 7 vidas. Ou melhor dizendo, o gato consegue ultrapassar oito vezes o perigo de vida, e, só morre depois de ter perdido a sua nona vida. É inacreditável, não é?!
Certamente, o potencial de sobrevivência do gato é apenas emblemático e significativo em vez de verdadeiro.
Apesar dos motivos históricos e culturais, o número 9 também é muito misterioso. Aos olhos dos chineses, o algarismo 9 é o máximo e indica “eternidade e vitalidade”. Contudo, seja oriental, seja ocidental, sejam 9 vidas, sejam 7 vidas, a única certeza absoluta que pode matar o gato é: a curiosidade!
Foto: W.T.
01out20
Tantas diferenças e tantas semelhanças nas diferente culturas. Estamos sempre a aprender. Parabéns!
Como sempre, palavras encantadoras e cheias de carinho.
Bonito ‘conto’ …