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Crime disse ele…

Miguel Correia

 

Lalim, pequena freguesia do concelho de Lamego. É daqueles locais que, basicamente tem uma placa toponímica à entrada e outra, mais à frente, com uma lista vermelha. Os (poucos) aventureiros que por lá passaram ainda hoje culpam o Gps! Não faz parte de qualquer roteiro turístico e os 729 habitantes (segundo últimos dados oficiais) têm como objetivo de vida aguentar mais um dia sem dores nos joanetes. Porém, a pacatez do povoado foi interrompida por um homem sem escrúpulos, que colocou esta localidade no mapa negro dos crimes passionais. Por muito estranho que possa parecer – e peço que não se precipitem com a leitura – a reputação é algo muito importante nos meios rurais.

O café central é o epicentro de todas as novidades (reais ou inventadas) e, para estas pessoas, é preferível ser rotulado de assassino do que “corno”. Ironicamente, o futuro da vítima foi traçado aquando da atribuição do divórcio. Gesto totalmente legítimo num estado de direito! Infelizmente, neste país, ainda há muitas mentes retidas no século passado… O camarada Henrique Carvalho, depois de ter garantido que a sua ex-mulher não seria de mais ninguém, pôs-se em fuga. Durante dias teve lugar uma perseguição diabólica ou o jogo do gato e do rato! A GNR (Guarda Nacional Republicana) mobilizou os meios disponíveis para encontrar esta besta…

A cadela, Matreira, e o dono

As pessoas, assustadas com a possibilidade de se cruzarem com o foragido, fecharam-se em casa (tivessem todos feito o mesmo com o Covid e estávamos safos!). Desorientados, sem pistas e com uma vasta área de terra inóspita para vasculhar, ficaram à mercê dos órgãos de (des) informação social que começaram a investigar por conta própria e a inventar teorias! Descobriram casas abandonadas a cinquenta quilómetros de distância. Uma delas tinha vestígios de palha no chão. O que a ser verdade apenas indica que o fugitivo precisa de uma consulta de ortopedia! A pressão mediática foi avassaladora e surgiram testemunhos para todos os gostos: desde a perda do bigode até à viagem para França, como a Linda de Suza. A parte da mala de cartão fica ao vosso critério. Para tentar obter respostas pediram ajuda à polícia internacional. A vítima teve direito às respetivas honras fúnebres, com proteção policial, pois um crime já é mais que suficiente!

Nada (nem ninguém) parecia ser capaz de descobrir o paradeiro deste terrível criminoso. Vinte e quatro dias depois, a atenção mediática voltou os seus holofotes para uma heroína improvável: a Matreira! Um simples canídeo conseguiu superar toda a tecnologia e meios policiais e encontrou o cadáver do criminoso. Não do outro lado da Europa, mas sim (suspense!) a poucos metros do local do crime! E andamos nós a incomodar as pessoas de fora…

 

Foto: pesquisa Google

01out20

 

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