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“Na Kalha” criou animação artística e alegria… logo quando “a cultura é imprescindível numa fase como esta!”…

“Fiquem atentos porque voltamos já!”, esta foi a mensagem da organização do Festival Na Kalha em 2019, que na sequência das previsões de chuva decidiu então adiar para data a anunciar em breve, o evento que na altura ainda tinha como objetivo ser um encontro de músicos de rua, que fazem da rua o seu palco.

O regresso deste evento organizado pelo Coletivo Terylene, só voltaria para a edição de 2020, já com um novo formato, afirmando Na Kalha como um festival das mais variadas formas de arte, que façam sentido nas ruas de Ovar, incluindo não só a música que lhe deu origem, mas também artes circenses e marionetas, que preencheram a programação nos dias 26 e 27 de setembro, com a participação de 19 companhias, para um total de 32 espetáculos.

 

José Lopes

(texto e fotos)

 

 

Num assumido desconfinamento da arte na cidade, e com o mesmo tipo de formato informal, ainda que a iniciativa tivesse de ser adaptada às regras exigidas no âmbito da Covid-19, para serem cumpridas e garantidas todas as normas de saúde pública vigentes, que incluíram palcos com lotação limitada. A importância da arte voltar às ruas mesmo perante tais condicionalismos, ficou bem patente, “uma vez que a arte e a cultura são ainda mais importantes em situações de crise como esta”, realçou o Coletivo organizador deste evento que se apresentou na rua de forma mais abrangente nas artes representadas.

Nesta edição Na Kalha 2020, naturalmente mais exigente, foi iniciado um projeto mais arrojado e como é assumido pela organização, “mais abrangente”, que não deixa de fazer a ponte com o caminho idealizado a quando da 1.ª edição, em 2018, em que seria afirmado, que, “ao encontro da música virão também mais algumas artes de rua e intervenções artísticas que procurarão criar um ambiente de partilha e de boa disposição para todos”. Uma firme caminhada que tem como objetivo transformar o Festival num evento cultural de alcance maior no futuro, assim se vão referindo com grande tranquilidade e confiança alguns dos seus responsáveis.

Com palcos localizados em vários pontos da cidade, Ruas, Praças, Largos, Parque Urbano, que se vão adaptando às próprias características do Festival, como a necessidade de pontuais alternativas aos períodos de chuva, que se fizeram sentir no sábado à noite, em que a colaboração de estabelecimentos comerciais, como “Azulejo Bar”, acolheram momentos musicais proporcionados por Rui Bandeira & João Martins ou Marimbondo. Música que marcou grande parte dos palcos nos dois dias do Na Kalha, através de artistas e grupos como: Animadixis, Escola de Música FUSA, Sara Jesus e Ana Sousa, Escola de Dança e Música (EDM) de Valdágua, Canja Sessions, Os Sabugueiros e Susana Silva.

Mas a abrangência das artes representadas preenchiam vários outros palcos, a exemplo do que aconteceu na Praça da República “Palco Alcobre”, com a representação de estátuas vivas, Living Statues Masters ou Stela Nutela “Cartoonette”, e ainda os jogos alternativos “Jogos do Helder”. Esta Praça foi também o palco privilegiado para receber o espetáculo de marionetas gigante, que assinalou o encerramento desta edição Na Kalha, com os espanhóis EFIMER “De Peluix”. O macaco gigante “BU” que durante o Festival foi sendo procurado, surpreendendo o público com o seu aparecimento em locais inesperados, como em varandas de edifícios da cidade. Um macaco gigante carinhoso e brincalhão, que fez a alegria de todos, bem representada no abraço às crianças com que ficou marcado o encerramento do evento.

Com propostas para miúdos e graúdos, foi só deambular pelas ruas ao som de várias tonalidades musicais, pela Rua Cândido dos Reis, Praça das Galinhas, Praça da República, Jardim do Cáster, Escadaria da Igreja Matriz e Parque Urbano, para encontrar outras artes, em que se destacaram as circenses, com Ticosi, ou as marionetas com, Partículas Elementares, Giogo Duro, Companhia “Na Rua” e Rui Sousa “Robertos”. Ainda integrado no espirito de animação de rua do Festival, participou o Grupo de Carnaval “Marados”.

Também a exemplo da pintura mural que assinalou a edição de 2018, a programação deste ano incluiu a pintura de um mural, da autoria do artista Paulo Martinez, que executou uma obra no Parque de Estacionamento Júlio Diniz, entre 14 e 17 de setembro. Uma pintura em que se observa uma gaivota a voar, segurando uma máscara pelo bico, deixando passar como mensagem, para além da componente ambiental, a relação com a pandemia que se está a viver.

A pintura foi aliás uma vertente artística que teve o seu espaço próprio na programação, ao contar igualmente com o artista Paulo Salvador Lopes na área do desenho, que produziu na Praça das Galinhas, resultando num painel alusivo a uma marioneta manipulada pelo “vírus”, que com natural responsabilidade e persistência, não impediu a realização deste Na Kalha, que teve a participação de artistas locais e nacionais, e contou com alguns estrangeiros, ainda que em parte residam em Portugal já alguns anos.

A cultura é imprescindível numa fase como esta”. Afirmou ao Etc e Tal jornal, Nuno Pinto, um dos principais “rostos” do Na Kalha a quem colocamos três perguntas no final de mais uma edição deste Festival de animação de rua.

Nuno Pinto

A programação recuperou alguma parte da edição que foi adiada e entretanto cancelada em 2019?

“Não. Deveu-se em grande parte ao facto da edição deste ano ter tido um âmbito mais alargado, deixando de ser só musica e passando a abarcar variadas artes de rua.”

Os apoios financeiros ao Na Kalha estão a garantir alguma sustentabilidade a este evento? Ou são condicionantes a maior ambição da programação?

“Este ano conseguimos reunir apoios suficientes para fazer nestes moldes, que jugamos serem os ideais para criar um evento sustentável e com grande potencial de crescimento e consolidação. Julgamos que conseguimos criar um evento de qualidade que esperamos ter condições para continuar a fazê-lo, da melhor forma possível, mas uma coisa é certa, temos muita vontade de fazer sempre mais e melhor e a capacidade de desenvolvimento e crescimento do festival é enorme caso consigamos manter apoio para tal.”

Como diretor do Na Kalha, o que representa para o Nuno Pinto este regresso às ruas da cidade de Ovar, do espirito de animação que carateriza o Na Kalha?

É de facto um motivo de grande orgulho conseguir, nestes tempos, levar a cabo um evento destes. Mais orgulho ainda quando vemos a alegria e boa disposição das pessoas pelo regresso às ruas, à arte e à cultura. A cultura é imprescindível numa fase como esta e chegamos ao final com o sentido de dever cumprido, demos o melhor de nós e estamos cheios de vontade de continuar a lutar pela cultura.

 

01out20

 

 

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