A Pousada da Juventude, no Porto, funciona, desde o passado dia 11 de novembro, como que um centro de acolhimento provisório para pessoas não-infetadas com a Covid-19, da Área Metropolitana do Porto, prestando um serviço de retaguarda, principalmente a lares, e, diretamente, a quem perdeu, por motivos relacionados com a pandemia, os seus cuidadores, e ficaria, assim, em grave situação de isolamento.
Na presença do presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, e do responsável máximo pela Comissão Distrital da Proteção Civil do Porto. Marco Martins, e outros responsáveis autárquicos, foi aberto um espaço destinado a 35 pessoas não-infetadas com a Covid-19, mas com capacidade para o dobro de presença, isto até meados de março do próximo ano.
Garantido o acompanhamento, permanente e presencial, de uma vasta equipa de cuidadores, enfermeiros e outros técnicos de saúde, é em quartos “arejados”, extremamente confortáveis e com privilegiadas vistas para a foz do Douro, e salas para promoverem atividades de animação e ginástica adaptada, que os utentes da Pousada, estarão, isto depois de uma contribuição financeira da Câmara do Porto, de 300 mil euros.
José Gonçalves
(texto)
Rui Moreira foi o protagonista do encontro com a comunicação social, pois além de falar do espaço convertido para a receção de pessoas não-infetadas pela Covid, da Covid, ainda abordou questões onde ela, a pandemia, tem deixado – e promete continuar a deixar – rasto de más recordações e atipicidades.
Mas, primeiro vamos, então, ver e saber como é o espaço aberto, exclusivamente, a pessoas idosas não afetadas pela Covid-19.
No encontro com os jornalistas para dar conta da (re) abertura da Pousada da Juventude como espaço destinado a apoio a não-infetados pela Covid-19, Rui Moreira referiu que esta será um espaço “de acolhimento provisório para acolher pessoas provenientes de estruturas residenciais de idosos, que necessitem de segregar pessoas que não reúnem condições estruturais para as acolher, ou, excecionalmente, para pessoas idosas que perderam os cuidadores, por eles terem teste positivo à Covid-19”.
O espaço, à Rua Paulo da Gama, na Foz do Douro, tem, neste momento, “capacidade garantida para 35 pessoas; capacidade essa que pode ser alargada para o dobro. Prevemos que o funcionamento se inicie a partir de amanha (12nov20) e até 31 de março de 2021, com uma avaliação temporária a ser realizada em janeiro”, informou ainda o presidente da Câmara do Porto, ao lado de Marco Martins, mas sem a presença do secretário de Estado da Saúde, Diogo Serras Lopes, como estava previsto acontecer.
Rui Moreira fez questão de frisar que “esta resposta resulta de uma parceria da qual a Câmara Municipal do Porto faz parte – tendo assegurado o financiamento de 300 mil euros -, juntamente com a Comissão Distrital da proteção Civil do Porto, que assegura o comando das admissões e coordenação; a Secretaria de Estado da Juventude, que disponibiliza a Pousada; o Centro Distrital do Porto da Segurança Social, que assegura a articulação necessária com os Serviços de Assistência Organizações de Maria – SAOM, reconhecida IPSS da cidade; e da ACeS Porto Ocidental, que dará as respostas necessárias ao nível da saúde pública e desenvolvimento clínico dos utentes”.
“E isto é extremamente importante para os lares, competindo à autoridade de saúde local, avaliar e determinar as medidas em articulação coma Segurança Social e propor, então, à Comissão de Proteção Civil do Município o encaminhamento para esta Pousada. Depois, a Comissão municipal, após análise, remete o assunto para decisão de admissão á Comissão Distrital da Proteção Civil do Porto”, explicou o autarca, para quem “isto corresponde, no fundo, áquilo que o Governo nos desafiou, ou seja, para encontrarmos uma articulação entre os vários municípios no sentido de serem garantir várias respostas. Esta é uma das muitas respostas que estamos preparados dar”.
UM SERVIÇO DE “RETAGUARDA”
No espaço reservado às perguntas dos jornalistas, Rui Moreira deu algumas respostas interessantes, principalmente, as que foram – podemo-lo dizer – como que alargadas no tempo… para o futuro próximo.
Mas, em primeiro lugar, o autarca voltou a explicar o funcionamento concreto do edifício da Pousada da Juventude, para onde são encaminhadas “as pessoas não-Covid, ou seja, que estão num lar, onde se registe um grupo efetivo de pessoas que estejam infetadas, assim como, as pessoas que, por causa dos seus cuidadores tenham contraído o vírus, não poderem estar sozinhas em casa. Portanto, este é um serviço de retaguarda, a exemplo daquilo a que a Câmara do Porto fez na primeira fase da pandemia”.
Salientado que para os infetados com a Covid, o Porto tem já um espaço no Bom Pastor, para Rui Moreira, “esta Pousada por nós já identificada, em março último, com todas as condições” foi do agrado das pessoas que já aí estiveram, “demonstrando um enorme interesse na forma como tudo foi organizado”.
Desse modo, “a Câmara do Porto – quando nos perguntaram o que espaços nós tínhamos para disponibilizar, para além do que estamos a fazer, por exemplo, no Joaquim Urbano, aos sem-abrigo … foi esta a resposta que nos pareceu adequada.”
“A CÂMARA DO PORTO SÓ GARANTE A OPERAÇÃO E O FINANCIAMENTO DO ESPAÇO, NADA MAIS!”
Pergunta-se: e há já muitos pedidos?
Na resposta, Rui Moreira destaca um pormenor fundamental, no que concerne ao papel da autarquia no meio disto tudo.
“A Câmara do Porto aquilo que garante é a operação e o financiamento deste espaço, por isso não devem encaminhar pedidos para a Câmara Municipal pois ela não tem competência nessa matéria. Aliás, o mesmo fizemos em relação hospital de campanha. Também a triagem, na altura, não foi feita por nós”.
Relativamente à alegada falta de diálogo por parte do Governo em relação ás medidas a tomar ou já tomadas quanto ao combate à Covid e, em particular, ao desconhecimento do número oficial de vítimas e infetados pelo novo coronavírus, por concelho, o presidente da Câmara do Porto foi perentório…
“A situação não está controlada em nenhum ponto da Europa, e em nenhum ponto do território nacional, nem está controlada cá. Aquilo que estamos a tentar fazer é, em primeiro lugar, promover a sensibilização da sociedade no sentido de fazer aquilo que são as boas práticas, como o bom uso do espaço público, e, ao mesmo tempo, tentar ajudar, dentro dos possíveis, naquilo que é uma responsabilidade do Governo e do Serviço Nacional de Saúde, que é de dar resposta a uma situação que, no momento, é extraordinariamente complicada”.
“NÃO ESTAMOS EM TEMPO DE CONCORDAR OU DISCORDAR COM O PASSADO…”
Quanto à pandemia e à sua propagação, assim como às medidas tomadas e a tomar pelo Governo, o presidente da Câmara do Porto falou sobre o assunto, não querendo, contudo, passar pelo papel de “comentador”.
“Nós não estamos em tempo de concordar ou discordar com o passado. Aquilo que nós podemos dizer é que – na medida em que isto foi decidido, certamente por quem sabe mais do que nós e que tem outros recursos, ou recursos que nós não temos no conhecimento daquilo que é a pandemia -, compete-nos, a mim e ao senhor presidente Marco Martins, dentro daquilo que são as nossas atribuições, colaborar com as autoridades, no sentido que as coisas funcionem bem.
Não me ouvirão a comentar! Não sou comentador nesta matéria. Enquanto presidente da Câmara, tudo farei para que todas as medidas que nos são impostas sejam cumpridas, e não as iremos discutir. Já as outras medidas, ou seja, as que cabem dentro daquilo que são as nossas competências, aí sim, eu tomarei as decisões, como tomei no passado!”.
“NÃO HÁ MILAGRES! AS ATIVIDADES ECONÓMICAS MORREM, PORQUE CADA UM DE NÓS ESTÁ MENOS DISPONÍVEL PARA IR A UM RESTAURANTE, À LOJA OU TOMAR UM CAFÉ… ”
E a restauração volta a ser vítima das regras de combate à Covid-19, com um “confinamento” que em nada lhes agrada. Houve, aliás, dias depois deste encontro, com os jornalistas (no passado dia 13 de novembro), confrontos, na Baixa do Porto, entre manifestantes pró-restauração e a Polícia. Estará a Câmara do Porto preparada para os apoiar, assim como já prometeu a sua homóloga de Lisboa?
“Também relativamente a essa matéria estou preocupado. Há uma coisa porém, que ninguém pode ignorar: qualquer que fosse o quadro legal, relativamente aquilo que está a suceder hoje; mesmo que o Governo não tomasse nenhuma medida; mesmo que nós mantivéssemos tudo a funcionar, seriamos nós, os cidadãos, que nos iriamos autoconfinar por medo., por receio, e pelas boas razoes de não passarmos e propagarmos o vírus.
Ou seja, as medidas económicas têm que ser medidas no sentido de garantir que, apesar de tudo, se mantêm níveis de emprego nas empresas e a pequena atividade, mas não há milagres! A primeira medida, tem de ser de luta contra aquilo que é uma crise sanitária grave, porque qualquer que fosse a decisão, enquanto nós não normalizarmos esta situação, as atividades económicas morrem, porque cada um de nós, nos seus comportamentos, está menos disponível para ir a um restaurante, ir à loja ou tomar um café”.
“Esta crise resolve-se, antes de mais, resolvendo a questão sanitária, e para aqueles que acham que isto é apenas uma constipação, eles podem ter a opinião que tiverem, o que lhes pode acontecer é ter, por exemplo, um desastre e quando chegarem ao hospital e perceberem que eles neste momento não os podem atender, compreenderão, que nós não temos outra forma senão funcionar em comunidade, e tentarmos por todos os meios impedir que a doença cresça”.
“ESTAMOS NUMA SITUAÇÃO QUE PODERIA TER SIDO ANTECIPADA, E RESOLVIDA DE OUTRA MANEIRA”
Mas, os temas relacionados com as medidas restritivas quanto ao combate à propagação da Covid teimaram a estar na conversa com o presidente da Câmara do Porto, falando-se, então, num confinamento mais alargado, e na posição de Rui Moreira sobre a matéria. O autarca voltou a não querer transformar-se em “comentador”…
“Não me peçam para ser comentador nesta matéria. Em março, defendi o confinamento e até tomamos medidas por antecipação relativamente ao Estado central. Tivemos toda a primavera e tivemos todo o verão para fazer reforço das respostas. Foi feito algum reforço, é verdade, mas, a meu ver, estamos numa situação que poderia ter sido antecipada, e que poderia ter sido resolvida de outra maneira. A verdade é que é não foi! Estamos, assim, numa situação um pouco parecida com a que se viveu em março: com mais resposta, mas com mais infetados.
Agora, não vale a pena chorar sobre leite derramado! Na cidade e no distrito do Porto – tenho trabalhado com o Marco Martins, e temos falado praticamente todos os dias, e muitas vezes fora de horas – aquilo que podemos garantir, é que o que estiver ao nosso alcance tudo faremos para tomar as medidas necessárias, de modo minorar o impacto desta situação.
Como já disse, a única coisa que até hoje funcionou, fosse em Portugal, fosse em qualquer país do mundo, foi o confinamento total. Todavia, reconheço que, neste momento, a sociedade portuguesa e a sua economia é mais frágil que a dos outros, e, provavelmente, essa decisão de confinamento geral, não fosse possível ser tomada, até porque, a própria sociedade não aceitaria.
E numa sociedade democrática, os direitos, liberdades e garantias individuais e coletivas tem de ser colocadas no prato da balança. Portanto, estamos a viver a situação que temos de viver, procurando encontrar soluções, por um lado através de políticas públicas, e depois também a nível daquilo que são os nosso comportamentos individuais. Já agora, e de preferência, sem conceções ideológicas que não servem a ninguém nesta altura do campeonato”, palavras de Rui Moreira.
“NÃO ME PEÇAM PARA PROMOVER A «ONDA DA NAZARÉ» NOS ALIADOS”
E, como se estava à espera, não poderia faltar uma abordagem à suspensão dos eventos relacionados com a quadra natalícia na cidade do Porto, destacando-se para o efeito, e como não podia deixar de ser, a (sempre concorrida) cerimónia de inauguração da Árvore, a par do espetáculo de fogo-de-artifício.
Rui Moreira, ainda que triste com a decisão, revelou momentos de algum humor…
“Gosto muito da Árvore de Natal, acho que foi com a minha presidência que o evento de acender as luzes da árvore se transformou num grande evento ao qual acorreram milhares de pessoas – crianças, famílias, etc. As pessoas compreenderão que, nesta altura, não podemos fazer isso. Nós não podemos promover nenhum evento que traga concentração de pessoas. É só isso!
Se Deus quiser e o vírus também, para o ano, teremos duas árvores de Natal em vez de uma, mas, este ano, seria, absolutamente irresponsável, por parte da Câmara do Porto estar a dizer aos cidadãos, por um lado, que devemos não procurar aglomerações, e, ao mesmo tempo, estar a promover o fogo-de-artificio e a árvore de Natal. Das duas uma: ou não ia lá ninguém, e isso era deitar dinheiro fora; ou ia lá toda a gente e estávamos a promover a infeção.
Aquilo seria um bocado a nossa «onda da Nazaré». Não me peçam para promover a «onda da Nazaré» nos Aliados, é apenas isto, com muita pena minha.
Os meus netos estavam furiosos, porque gostam de lá ir. Este Natal vai ser diferente. O que vamos fazer os possíveis é para que no próximo Natal, os nossos avós e os nossos pais possam estar presentes, isso é, sem dúvida, mais importante.”
MARCO MARTINS: “DESTA VEZ ESTAMOS A TRABALHAR EM REDE
A fechar este encontro com a comunicação social, Marco Martins, na qualidade de responsável máximo pela Comissão Distrital da proteção Civil do Porto, agradeceu a forma como a Câmara do Porto tem participado nas ações levadas a cabo contra a propagação da Covid-19, reafirmando a importância do trabalho que está a ser desenvolvido, e, muito mais do que isso, do papel que as pessoas devem fazer para ajudar a combater a pandemia.
“O Natal vai ser diferente, não só porque não podemos conviver, mas porque corremos o risco de poder faltar alguém na nossa família. Portanto, cada um de nós tem de ser responsável no seu comportamento para evitar a propagação da doença.
Desta vez, estamos a trabalhar em rede, facto que desde já agradeço à Câmara do Porto a sua disponibilidade. Esta é, assim, mais uma resposta distrital, onde a Câmara do Porto faz o favor de colaborar e financiar”.
E as respostas estão dadas ou prontas a ser dadas, principalmente no que concerne a questões espaciais.
“O Bom Pastor está destinado a infetado. Esta Poisada, é para «negativos», e estão já destinados equipamentos para começar a operar em Paços de Ferreira para positivos, e santo Tirso para negativos, de modo a dar apoio aos hospitais mas também aos lares”.
E a luta não pára, sabendo-se que você – sim (!), você que nos está a ler – tem muita, mas muita responsabilidade em dela fazer parte. Todos esperam que a pandemia depressa desapareça e para tal tem de ajudar a que tal desiderato seja em breve uma realidade, realidade essa que não passa somente pelo trabalho que os cientistas estão ter, assim como acontece com os médicos e todo o pessoal de saúde, mais bombeiros e tudo o resto, passa também por si. Acredite!
Fotos: Miguel Nogueira (Porto.) e Arquivo EeTj
A REGRAS A SEGUIR PARA O PERÍODO DE NATAL E ANO NOVO
ATUALIZADO A 17DEZEMBRO2020
Dando seguimento à renovação do Estado de Emergência decretado pelo Presidente da República, o Conselho de Ministros aprovou o decreto que regulamenta as medidas a adotar, em todo o território continental, no período entre as 00h00 do dia 24 de dezembro de 2020 e as 23h59 do dia 7 de janeiro.
Como anunciado previamente, o Governo, reunido em Conselho de Ministros no dia 17 de dezembro, reavaliou a situação epidemiológica de cada concelho, atualizou a lista dos concelhos de risco, manteve as regras anteriormente definidas para o período do Natal e procedeu ao agravamento das medidas para o período do Ano Novo. Assim, foi decidido:
PARA O PERÍODO DE NATAL
Circulação entre concelhos:
Permitida.
Circulação na via pública:
Noite de 23 para 24: permitida apenas para quem se encontre em viagem;
Dias 24 e 25: permitida até às 02h00 do dia seguinte;
Dia 26: permitida até às 23h00.
Horários de funcionamento:
Nas noites de 24 e 25, funcionamento dos restaurantes permitido até à 01h.
No dia 26, funcionamento dos restaurantes permitido até às 15h30 nos concelhos de risco muito elevado e extremo.
Nos dias 24 e 25 os horários de encerramento não se aplicam aos estabelecimentos culturais.
PARA O PERÍODO DE ANO NOVO
Circulação entre concelhos:
Proibida entre as 00h00 de 31/12 e as 05h00 de 4/01.
Circulação na via pública:
Para todo o território continental:
No dia 31/12, proibida a partir das 23h00;
Nos dias 1, 2 e 3/01, proibida a partir das 13h00.
Horários de funcionamento em todo o território continental:
No dia 31/12, funcionamento dos restaurantes permitido até às 22h30.
Nos dias 1, 2 e 3/01, funcionamento dos restaurantes permitido até às 13h00, exceto para entregas ao domicílio.
Proibidas festas públicas ou abertas ao público.
Proibir ajuntamentos na via pública com mais de 6 pessoas.
O Governo reforça ainda o apelo para que se evite:
Juntar muita gente;
Estar muito tempo sem máscara;
Espaços fechados, pequenos e pouco arejados.