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Rui (o Rio) e a complicada procura de um “peso-pesado” para a Câmara liderada pelo “não confiável”… Rui (o Moreira)

As eleições Autárquicas que, sem quaisquer alterações, se realizarão no período compreendido entre meados de setembro e princípios de outubro do corrente ano, estão, no Porto, a ter já um “aquecimento intensivo” por parte das “forças” que poderão conquistar a Câmara Municipal. Nesse caso, o antigo presidente da autarquia tripeira e atual líder do PSD, Rui Rio, tomou, nas últimas semanas, a dianteira em termos de ritmo de “treino”, sendo o protagonista político do mês de fevereiro, pela melhor ou pior das razões… depende do ponto de vista.

 

José Gonçalves

(texto)

 

Tentando convencer – direta ou indiretamente – Rui Moreira a concorrer como independente nas listas do PSD, Rio, estranha e paradoxalmente, foi quem mais atacou Moreira nas últimas semanas, com o pico a registar-se após um “jantar de convencimento”- promovido pelo seu braço-direito, Salvador Malheiro, em Esmoriz, no qual o convidado foi Moreira -, altura em que o considerou uma pessoa “não confiável”, principalmente, pelo facto de Moreira ter recusado o convite, se tal não tivesse acontecido, o adjetivo seria, por certo outro. E não confiável, entre outros considerandos, porque o jantar chegou à comunicação social, mais concretamente ao semanário “Expresso”, através de fontes do (Rio não saberia?)… PSD!

Ainda relativamente ao apoio a Moreira e ao jantar em Esmoriz, Rui Rio anunciou oficialmente, a 18 de fevereiro, altura em que fez três anos à frente do PSD, que o seu partido jamais apoiará uma eventual (?!) candidatura de Rui Moreira a um terceiro mandato à frente da Câmara Municipal do Porto.

“Rui Moreira queria que o PSD não apresentasse lista e ele integrava nas suas listas pessoas do PSD. Perante essa proposta nós contrapusemos o contrário: o senhor não se candidata e nós ouvimo-lo na escolha do candidato. O PSD disse que não à proposta dele e ele disse que não à nossa”.

Foi nesta entrevista, à Rádio Observador, que Rio referiu que Moreira ”não é uma pessoa confiável”, advogando que “há muito” tem vindo a alertar para “que tipo de pessoa é Rui Moreira”, dando como exemplo o tal jantar em Esmoriz (?!), não ficando, contudo, por aí nas acusações ao atual presidente da Câmara do Porto:

“Rui Moreira tem interesses imobiliários num dado município e vai para presidente da câmara desse município, ao ponto de ter uma acusação pesada e grave por força de ter misturado gestão autárquica com a gestão do património imobiliário da sua família”.

Recorde-se, entretanto, que Rui Rio foi também o protagonista da Nova Lei Eleitoral Autárquica que muito tem irritado Moreira e que condiciona o aparecimento e atividade de movimentos independentes, facto que o PS – no Verão do ano passado também votou, favoravelmente, as alterações à lei, juntamente com os sociais-democratas – ter prometido rever a sua posição. Não se sabe é quando?

PAULO DE MORAIS PERGUNTA: “ESTE É O LÍDER DA OPOSIÇÃO EM PORTUGAL?”

Foto: Carlos Amaro (Etc e Tal jornal)

Ainda a propósito do “não confiável”, de Rui Rio, atribuído à personalidade de Rui Moreira, Paulo de Morais, que foi vice-presidente da Câmara Municipal do Porto, na altura em que Rio foi presidente do executivo, escreveu o seguinte, na sua página no Facebook, a 19 de fevereiro último:

“O Rui Rio que, em 2021, diz que Rui Moreira não é confiável é o mesmo Rui Rio que, em 2013, apoiou a candidatura de Rui Moreira à Câmara do Porto, para boicotar a candidatura do seu próprio partido (PSD), então encabeçada por Luís Filipe Menezes. Menezes de quem entretanto se tornou grande amigo. Quem é que não é confiável? É este o líder da Oposição em Portugal?”

O ADIAMENTO DAS “AUTÁRQUICAS” E OS “PESOS-PESADOS”

Rio não ficou por aqui, e propôs também que as eleições Autárquicas fossem adiadas dois meses, ou seja, lá mais para dezembro, tudo devido a questões profiláticas em relação à pandemia, situação que, estranhamente, não se verificou com o mais recente ato eleitoral, e no pico da referida pandemia.

Há já quem diga, que o líder do PSD quer é tempo para encontrar “pesos-pesados” para as principais autarquias do país – Lisboa e Porto – onde nos últimos sete anos tem registado estrondosas derrotas.

E encontrar os tais “pesos-pesados” não está a ser fácil, principalmente um deles… para a Câmara do Porto. Para Lisboa, a questão já está resolvida, com Carlos Moedas – um verdadeiro peso-pesado do PSD – a aceitar encabeçar a lista à Câmara Municipal em coligação com o CDS-PP.

Mas, na Invicta, a “nega” do eurodeputado Paulo Rangel – ainda antes do último Natal – para candidatar-se à presidência da Câmara Municipal, acabou por baralhar, por completo, a estratégia do líder “laranja”.

Agora, com Rangel e Moreira fora de hipóteses, Rio  lança para a “mesa” nomes pouco conhecidos do grande público – leia-se eleitorado –, como, por exemplo, o de Vladimiro Feliz. Para Rio, esse é um homem “absolutamente insuspeito, foi dos melhores vereadores que tive na Câmara Municipal do Porto”. Horas depois destas declarações, Vladimiro Feliz não ficou lá muito… feliz com o facto de ter sido “referenciado” por Rui Rio.

RIO ANUNCIA (ESTE MÊS) QUEM SERÁ O CANDIDATO DO PSD À PRESIDÊNCIA DA CÃMARA DO PORTO

Mesmo tendo em conta todos os condicionalismos atrás referidos, a verdade é que o líder do PSD, prometeu anunciar, este mês, o candidato do seu partido à presidência da Câmara do Porto.

Afastada, no Porto, que está também a hipótese de uma coligação com o CDS, uma vez que este voltará a apoiar a recandidatura da Rui Moreira, querendo manter, assim, a sua estreita ligação com o movimento independente em troca de alguns lugares no executivo, Rio tem um processo entre mãos um tanto ou quanto complicado.

“Desalojar” Moreira da presidência da Câmara, de forma isolada, ou seja, sem qualquer coligação, como desejaram já alguns destacados militantes e deputados municipais do PSD-Porto (notícia deste jornal na passada edição), entre os quais, Pedro Duarte, Alberto Lima e Pedro Osório, com o beneplácito do presidente da concelhia, Miguel Seabra, ao apelarem para a constituição de uma “frente de direita”, não vai ser nada, mas mesmo nada, fácil, e outra derrota humilhante poderá levar mesmo a condicionar o “posto” que ocupa no PSD, até porque foi ele mesmo que considerou, extremamente, importantes, fundamentais, estas eleições para as autarquias. A fasquia está elevada!

RESULTADOS DO PSD NAS ÚLTIMAS “AUTÁRQUICAS” MUITO ABAIXO DO QUE ERA… NORMAL

Recorde-se, que o PSD, nas últimas Autárquicas para a Câmara do Porto (2017), com Álvaro Almeida a cabeça-de-lista, e em coligação com o PPM, obteve um dos piores resultados de sempre (10,39% dos votos e somente um vereador, neste caso, sem pelouro), mantendo-se, há dois mandatos seguidos, como terceira força política no concelho, atrás do Partido Socialista, e só com a conquista de uma das sete juntas e uniões de freguesia da cidade: a de Paranhos.

Os sociais-democratas só tiveram, mais recentemente, o poder na Câmara Municipal do Porto, precisamente com o atual líder do partido, Rui Rio, durante 12 anos, isto até 2013, altura em que o “independente” Rui Moreira conquistou a maioria na edilidade.

ALBERTO MACHADO NA CALHA?

E é na única Junta de Freguesia laranja, a de Paranhos, e no seu presidente Alberto Machado, que se centram as atenções de muitos sociais-democratas.

O médico dentista, de 42 anos, presidente da autarquia paranhense há sete anos e meio (dois mandatos); deputado na Assembleia da República e líder da Distrital do Porto do PSD – lugar para o qual foi reeleito, no ano passado, sem oposição, com 87,3 % dos votos, referindo, então, à comunicação social, e já como presidente, que, para a Distrital, “a Câmara Municipal do Porto é uma prioridade absoluta, não só por ser capital de distrito, mas pela importância que têm a cidade do Porto para o PSD -”, Alberto Machado é, assim, um “peso-pesado” na lista de potenciais candidatos à Câmara do Porto, e que, por certo, Rui Rio não ignorou.

Falta, agora saber, se Machado foi contactado; se, na realidade, está interessado numa corrida que será difícil de vencer. Mas, independentemente, do facto de ser difícil, pode ser meio-caminho para “semear” uma recandidatura às próximas eleições, às quais Moreira já não poderá concorrer.

MOREIRA REAGE A ACUSAÇÕES COM (APARENTE) CALMA E AINDA SEM DAR A CERTEZA DA SUA RECANDIDATURA À PRESIDÊNCIA DA CMP

Perguntar-me-á o(a) leitor(a): e, então, Rui Moreira como é que reagiu às acusações de Rui Rio? Será ele mesmo, e pela segunda vez consecutiva, candidato á presidência da Câmara Municipal do Porto?

As reações de Moreira foram públicas, mostrando-se, o atual presidente da Câmara do Porto, aparentemente muito calmo face às acusações de que foi alvo.

Quanto ao ser “não confiável”, Rui Moreira foi perentório em entrevista à TVI24, no passado dia 18 de fevereiro, Para o autarca, Rui Rio devia ter “outra forma de estar na política”.

Quanto à acusação de não de não ser “uma pessoa confiável” e também de mentir sobre o jantar entre o autarca e dirigentes do partido. Moreira manteve a sua: “Fui convidado para encabeçar uma lista de partidos”, mas por considerar que “uma aliança dessa natureza estaria a violar o espírito do movimento independente”, que o apoia, recusou o convite.

O presidente da Câmara do Porto negou também ter provocado uma fuga de informação para manipular a opinião pública, como sugeriu Rui Rio na entrevista ao Observador. Rui Moreira acabou, contudo, por garantir que “a fonte desta «vichyssoise» foram dirigentes do PSD”.

Depois de Rui Rio ter fechado a porta a qualquer entendimento com seu sucessor na autarquia portuense, Rui Moreira acabou por fecha-la à chave. “É uma questão de estilo, de educação e de honra. Assim não. De forma alguma”, rematou.

Quanto a voltar ou não voltar a ser candidato à presidência da Câmara do Porto, só falta mesmo a ato “formal”. Moreira concorrerá, uma vez mais como independente, e neste seu último mandato (nas  eleições a realizar daqui a quatro anos já não poderá recandidatar-se) prepara-se para inaugurar muitas das obras pelo seu executivo lançadas na cidade. Quem não goste de ver feito algo que  fez tudo para concretizar?

E O PS NO MEIO DE TUDO ISTO?!

Pelos vistos mais preocupado com a governação interna e europeia – a Covid não tem dado grande espaço para outras discussões -, os socialistas em relação às Autárquicas, além de terem prometido rever a nova Lei para as autarquias, devido aos condicionalismos criados às potenciais listas de independentes -,  a verdade é que não deixou de criar surpresa a posição de António Costa quando avançou com o nome de José Luís Carneiro, secretário-geral adjunto do PS, como potencial candidato à presidência da Câmara Municipal do Porto.

Ao que se sabe, e para já, é que António Costa fez questão de nada mais adiantar sobre uma candidatura “isolada” do PS à Câmara do Porto – onde além da surpresa quanto ao nome de José Luís Carneiro, encontram-se em cima da mesa, o de Manuel Pizarro, como também de Tiago Barbosa Ribeiro, líder da concelhia do Porto -, e referiu quanto a um hipotético acordo com Rui Moreira, que ainda não há nada de novo nesse sentido, isto “até a estratégia para o Porto ser discutida pelos órgãos do partido”.

A ver vamos, então, no que vão ficar as coisas.

 

Fotos: pesquisa Web

01mar21

 

 

 

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