Entrar por um qualquer dos dez acessos em todo o redor do Parque Urbano de Ovar e percorrer a sua área verde com 7.5 hectares em ambas as margens do rio Cáster em pleno coração da cidade, oito anos depois (05/01/2013) da inauguração deste património ambiental projetado pelo arquiteto Sidónio Pardal. Permite constatar a importância da sua consolidação, tanto na vertente da biodiversidade, como de usufruto para lazer e convívio de quem ali procura contato com a natureza e partilha coletiva de um espaço traçado pelo autor de vários outros parques com tradição romântica e naturalista.
José Lopes
(texto e fotos)
Por cada um dos caminhos que se vão entrelaçando de uma margem para outra através de pontes, os cenários paisagísticos do Parque Urbano, vão deixando à imaginação e sensibilidade de cada utilizador, a observação das belezas proporcionadas ou dos pormenores em diferentes ângulos de visão, registados através dos mais diversificados meios e equipamentos, refletindo e fixando memórias em cada uma das estações do ano, como retrospetiva da evolução natural deste parque que assim deu vida a um espaço até então esquecido e abandonado na cidade.
Em cada umas das estações do ano, caminhar, passear ou conviver no parque, é já inseparável como refúgio da natureza para diferentes gerações, que ali procuram o contato com a biodiversidade de plantas, ou a variedade de aves que passaram a incluir este espaço verde na sua rota.
Trata-se de uma obra verdadeiramente emblemática para responder à necessidade de oferta para qualidade de vida e de lazer, como um pulmão da cidade, que só os ainda persistentes atentados ambientais com despejos de esgotos ou resíduos industriais, perturbam e mancham as margens do rio Cáster que atravessa toda a área do Parque Urbano de Ovar e se assume como elemento central da vida do parque, destacando-se vários açudes para controlo do caudal, como uma adequada resposta ao antigo cenário de inundações em leito de cheias que caraterizavam este vale da cidade e a sua linha de água principal até à ria.
São pois registos entre outono e primavera que aqui se partilham, oferecidos por este verdadeiro corredor verde dentro da cidade, que, como refere o sítio online do Município de Ovar, “traz a natureza para a urbe e liga as duas margens da cidade. A área do Parque Urbano de Ovar é exemplo disso mesmo – é um espaço de conciliação de áreas naturais com o bem-estar e usufruto humano. As margens naturalizadas do rio, com abundante vegetação de água doce, são um refúgio para a biodiversidade. Não é difícil ouvirem-se rãs a coaxar e Guarda-rios (Alcedo atthis) escondidos nos ramos das árvores ou surpreender borboletas delicadamente pousadas nas flores. O amplo espaço relvado, com bancos de pedra e várias árvores em crescimento, convida a momentos de lazer. As várias ruínas decorativas espalhadas pelo parque, num cruzamento entre um estilo romântico e de inspiração moderna, dão um toque interessante à paisagem”, alusões à fauna e flora no âmbito da informação e da educação ambiental, que ainda falta identificar pedagogicamente no próprio espaço do parque.
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