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A morte de Edila Gaitonde

Edila Brum Dutra de Andrade Gaitonde. Contávamos festejar o teu centésimo primeiro aniversário no próximo dia 3 de Novembro, mas no dia 26 de Julho de 2021 partiste para o Reino de Deus.

A nossa Edila partiu, mas ficará sempre entre nós.

A nossa mais velha associada era também a mais honorável. Honorável vem de honoris, ou seja, honra. A honra de Edila permanece na sua vida, na sua cultura, na sua coragem, na sua resistência à ditadura, no seu perfil de mulher católica numa civilização hindu, na qual semeou a cultura ocidental.

Açoriana nascida na ilha do Faial em 3 de Novembro de 1920, era uma memória viva dos tempos das duas guerras mundiais, com repercussões na sociedade faialense. Tendo casado com o médico indiano Dr. Pundalik Gaitonde, um resistente ao salazarismo e partidário da integração de Goa, Damão e Diu na União Indiana, sempre se afirmou como católica numa sociedade hindu, a qual a respeitava. Desenvolveu a educação de música clássica ocidental em Goa e, em 1952, apresentou 30 candidatos aos exames da Royal School of Music de Londres. Em Bombaim montou uma escola de música ocidental e em Nova Deli foi locutora da All India Radio.

Viveu 50 anos em Londres com o seu primeiro marido, Dr. Gaitonde. Edila eventualmente, numa visita a Portugal, reencontrou António Nava, pai do conhecido e falecido poeta Luís Miguel Nava, uma sua relação da juventude no Faial, agora viúvo. Casaram-se em 2010 e estabeleceram-se em Leça de Palmeira, no Porto. António Perry Nava tinha sido o seu primeiro namorado de juventude, na cidade da Horta. António Nava faleceu em 2017.

Com 99 anos ainda foi fazer uma conferência sobre a Índia no Museu do Oriente, a convite do presidente da Fundação Oriente, Carlos Monjardino. Foi uma das principais oradoras na inauguração do Museu do Aljube, em 25 de Abril de 2015.

 Como escritora, tem uma vasta obra publicada de que se destacam “As Maçãs Azuis: Portugal e Goa 1948-1961”,Tágide, 2011 e “A cruz de fogo : amor e ódio em Goa no tempo de Garcia de Orta”, Tágide, 2013.

Das obras publicadas, destacam-se duas. A tradução para português do livro “The Liberation of Goa”, publicado em Londres e Bombaim pelo Dr. Gaitonde, com prefácio do historiador Fernando Rosas, tradução de Gonçalo Ferreira (sócio da CAN) e edição da Tinta-da-China, patrocinada pela Fundação Oriente. A edição do livro de poemas do seu segundo marido, António Perry Nava, “Vento do Céu… Vento da Terra…, Gradiva, 2016, com prefácio e apresentação na CAN de Celina Veiga de Oliveira.

A RTP2 realizou um filme sobre a vida de Edila”.

 

Texto: José Manuel Tavares Rebelo (Casa do Açores do Norte)

Fotos: pesquisa Web

 

 

01ago21

 

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1 Comment

  1. Eliseu Gomes

    Estou a acabar de ler o livro “A cruz de fogo”, de Edila Gaitonde editado pela Tagide.
    Romance histórico passado em Goa nos tempos de Camões e da instauração da Santa Inquisição, por S Francisco Xavier.
    Período da historia de Portugal completamente ainda ofuscado no séc XXI.
    Valha-nos uma mulher falecida o ano passado e também ela ofuscada.

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