A Junta de Freguesia do Bonfim (JFB), através do seu pelouro da Cultura, realizou, na tarde do passado dia 24 de julho, no Salão Nobre da autarquia, a primeira edição do Festival d’Artes do Bonfim. Esta foi uma iniciativa aberta ao público em geral e “sem limite de idades, pois toda a gente que se inscreveu teve o palco à sua mercê para demonstrar tudo aquilo que sabe”, como referiu ao “Etc e Tal”, José Soares, responsável pelo referido pelouro.
E foram quinze os inscritos, em termos individuais ou coletivos, que quiseram dar a conhecer, a um público que encheu o Salão Nobre da Junta de Freguesia do Bonfim (salvaguardando sempre as regras anti-pandémicas), as suas habilidades artísticas, isto, perante um júri sempre muito atento e formado por David Eusébio, Sandra Esteves, e António Maia, todos eles com provas (mais que…) dadas em atividades culturais. Caso contrário, por certo, não seriam escolhidos pela organização, que pertenceu ao pelouro da Cultura da Junta do Bonfim, da responsabilidade, durante os últimos oito anos, de José Soares.
Fotos: Serafim Silva
Deste concurso, que passou por ser, na realidade, um espetáculo de variedades, tantas foram as vertentes artísticas levadas à cena, foram escolhidos para o pódio Hernâni Sarmento, na terceira posição, após a sua excelente interpretação. O segundo lugar foi ocupado por Sofia Lamelas, com intervenção em canto; e finalmente, no primeiro posto, e, obviamente, a vencedora da primeira edição do Festival D’Artes do Bonfim, Angélica Resende, depois de se ter exibido em dança hip-hop.
O espetáculo contou com os seguintes participantes (por ordem de entrada em cena): Burshido Dojo C Karaté (arte marcial), Cum Corde Cantate (canto), José Carlos Mourinho (poesia/prosa), Maria Aida Pires (literatura), Grupo de Cavaquinhos do Bonfim (música), Teresa Amorim (tai chi), Hernâni Sarmento (interpretação), Roxana Suárez (dança), Grupo Sénior “Dançar a Vida” (dança), Bruno Resende (faquirismo), “Combo” – Escola Musica do Bonfim (musical)., Francisco Villalon (acrobacia) e Samuel Carvalho (dança – breaking).
JOSÉ SOARES: “ATÉ ENTREGARMOS AS CHAVES, O BONFIM VAI CONTINUAR A TER CULTURA”
José Soares, responsável pelo pelouro da Cultura da Junta de Freguesia do Bonfim há oito anos, e que se prepara para deixar o cargo em “outras mãos”, já que não concorrerá em nenhuma lista às próximas eleições Autárquicas, foi o mentor deste Festival D’Artes do Bonfim, como aliás de outros eventos que se desenvolveram ao longo de dois mandatos, sempre com o objetivo de aproximar as gentes da freguesia da Cultura.
Relativamente à primeira edição, Soares considera que a iniciativa por si idealizada “foi, sem dúvida, um sucesso!”, e até porque, e isso foi visível, “tivemos o Salão Nobre da Junta de Freguesia cheio”.
Neste espetáculo de artes, “participaram treze concorrentes, e poderiam ter participado mais, mas, à última da hora, e devido à pandemia, houve alguns que não puderam estar presentes. Em suma, penso que correu tudo muito bem. As pessoas gostaram imenso, os participantes também, alguns dos quais nos vieram dar os parabéns, até porque eram de outras freguesias, onde nunca tinham ouvido e presenciado uma iniciativa do género, e, essencialmente, quanto ao facto de se dar a oportunidade, a quem quer que seja, de demonstrar, ao público em geral, aquilo em que se é bom”, palavras do responsável pelo setor da Cultura da JF Bonfim.
Setor que é pelouro e pelouro da Junta de Freguesia do Bonfim, autarquia que “suportou, na íntegra, todas as despesas deste Festival D’Artes. Os únicos parceiros que tivemos foi a Rádio Superfestas, a Rádio Nova e o jornal Etc e Tal”. Pois está claro, dizemos nós.
“HAVERÁ OURAS EDIÇÕES DO ‘FESTIVAL D’ARTES’, INDEPENDENTEMENTE, DE EU NÃO CONTINUAR NA JUNTA”
Relativamente ao futuro desta recém-nascida iniciativa, José Soares mostra-se convicto que é para manter, independentemente, de não continuar na Junta de Freguesia como autarca, no após 26 de setembro.
“Com os resultados que foram conseguidos, esta iniciativa é para continuar! Ou em parceria com a Junta, ou sem parceria. Aliás, até já está idealizada outra forma de a fazer. Como, no fundo, este trata-se de um concurso, em vez de se fazer um só espetáculo, com tantos participantes no mesmo dia e no mesmo ato, eventualmente, poderemos vir a fazer tudo por eliminatórias e em vários dias e locais da freguesia, sendo que a final será sempre no Salão Nobre. Portanto, e desde já, garanto que haverá outras edições do Festival D’Artes, independentemente de eu não continuar no executivo da Junta.
“EM RELAÇÃO AO QUE TÍNHAMOS, PENSO QUE EVOLUÍMOS MUITO NO CAMPO CULTURAL NA FREGUESIA DO BONFIM…”




E que análise faz aos oito anos em que esteve à frente do pelouro da Cultura da Junta de Freguesia do Bonfim. Neste tipo de análises há sempre um “modéstia à parte”, mas com ele ou sem ele, o que importa é saber, o que José Soares pensa do trabalho efetuado por José Soares no executivo da autarquia bonfinense…
“Acho que a Cultura, no Bonfim mudou bastante. Modéstia à parte, acho que fizemos algum trabalho nesse setor em relação ao que nós encontramos. Investimos bastante no setor cultural, pelo que acabaremos por deixar um importante legado, como um ciclo de teatro; a, já tradicional, corrida de carrinhos de rolamentos; as festas do Santo Antoninho da Estrada e do São João do Bonfim; as exposições que não haviam, e que nós ajudámos a realizar nas vertentes da cerâmica, pintura, fotografia, ou seja, vários tipos de mostras. Durante estes últimos oito anos fizemos muitos lançamentos e apresentações de livros, foi uma das atividades em foco”.
Mais:
“Depois é bom não esquecer que a Casa D’Artes já está a funcionar. Custou! Foi um processo difícil, mas, agora, está em plena atividade, isto com a Escola de Música do Bonfim – esse também será um legado para o futuro, ou futura, responsável pelo setor da Cultura na junta de freguesia. Um coro da freguesia que é o Bonfim Vocal Ensemble; um grupo de cavaquinhos também da freguesia do Bonfim, que também fica, e depois, dentro da Casa D’Artes, temos grupos de teatro a ensaiar, como o TalmasPorto; o Gospel, e tivemos muitos grupos de teatro, principalmente formados por alunos da ESMAE. Aliás, é de salientar a excelente parceira que tivemos com o ESMAE quer na vertente musical, quer na do teatro. A verdade, é que tudo isto poderia ter mudado muito mais, mas não somos perfeitos e em relação ao que tínhamos penso que evoluímos e muito”.
O IMPORTANTE ACORDO COM A ESMAE

Num freguesia envelhecida, e, de acordo com os mais recentes resultados do Censos 2021, com o mais baixo número de residente do concelho do Porto, a verdade é que, mesmo assim, a adesão da juventude às iniciativas culturais da Junta tem sido significativa. Tudo isto, muito à custa do relacionamento entre a autarquia e o ESMAE…
“Alguma juventude aderiu às nossas iniciativas, quando as iniciativas para ela foram destinadas… outras, nem tanto. Aí volta a destacar-se a ESMAE nas vertentes culturais anteriormente referidas, em que trouxe muita juventude. Já, por exemplo, na apresentação e lançamento de livros a participação foi muito mais reduzida. Mas, se formos a ver, na Escola de Música da Freguesia do Bonfim, ela além de ter uma turma de adultos, tem também uma de crianças. Tudo está relacionado com a média de idades dos residentes na freguesia, que está a começar a baixar, mas que ainda é elevada”, salientou José Soares.
“O CONSELHO CULTURAL FOI O MELHOR QUE PODÍAMOS TER FEITO”

E para o nosso entrevistado, o projeto-bandeira do seu pelouro, foi sem dúvida, formar o Conselho Cultural.
“O projeto que tinha na cabeça está totalmente cumprido? Não. É pena não se ter podido desenvolvido mais? É. Mas as coias estão diferente, para melhor, em relação há oito anos.
Mas”, realça José Soares, “penso que a ideia que tivemos no pelouro de formar o Conselho Cultural do Bonfim, foi o melhor que podíamos ter feito. Tudo para que as instituições do Bonfim pudessem dizer à autarquia aquilo que queriam, o que era necessário para a freguesia. Não era só sair da nossa cabeça, mas uma outra ideia nossa, para se levar ao Conselho Cultural para ser discutida, vendo-se os prós e os contras foi algo de fundamental”.
E tudo o que foi feito, foi, como é “pensado e é realizado tem de ter a aprovação do executivo. O Festival D’Artes do Bonfim foi, por exemplo, e como é óbvio, levado à reunião do executivo, e nunca senti falta de apoio para qualquer que fosse a realização… antes pelo contrário: quando levava, como continuo a levar, os projetos às reuniões, por vezes eles são até eles, os meus colegas, a dar ideias em relação as iniciativas apresentadas”.
“O QUE FOI, E ESTÁ A SER, FEITO MERECE TER CONTINUIDADE”

José Soares vai aconselhando já o seu ou a sua sucessora no pelouro, depois das eleições de 26 de setembro próximo, para “que não deixe cair, que não deixe morrer, o que foi feito, porque o que foi feito é, exatamente aquilo que os bonfinenses querem. Quem conhece o Bonfim e sabe o que é o Conselho Cultural. Que se pode avançar mais que o que fizemos até agora. Estamos numa fase evolutiva, pelo que poderá, quem me suceder, continuar com novas ideias, nunca quebrando aquilo que já está feito e merece ter continuidade, e penso que parte do Conselho Cultural e mesmo do ex-pelouro da Cultura que terá toda a ajuda possível”.
E o nosso entrevistado, ao cabo de oito anos deixa a Junta e nem se propõe a escrutínio através da lista pela qual foi eleito (Porto, o Nosso Movimento), visto nem sequer ter sido convidado pelo novo cabeça-de-lista. Tive um convite de uma outra força política, aqui na freguesia, assim como um outro, para outra autarquia também aqui do Porto, mas não aceitei”, revelou José Soares que, muito provavelmente, estará na criação de uma nova coletividade no Bonfim, por isso garantir a organização de algumas iniciativas que deixaram positivas marcas no seu mandato.
“HÁ ALGO QUE AINDA NÃO ESTÁ MUITO BEM ESTRUTURADO, MAS QUE TEM DE SER REALMENTE PENSADO, PARA QUE NÃO SE DEIXE CAIR O QUE DE POSITIVO FOI FEITO”
E sobre a referida associação, ou coletividade, que ainda se encontra em fase embrionária, o ainda responsável pela Cultura no Bonfim diz que “é necessário para o Bonfim, porque a Junta precisa de criar estruturas para as iniciativas externas e, desse modo, tem de contar, essencialmente, com as associações, coletividade e demais instituições para dar corpo aos projetos, porque é cansativo tentar organizar coisas só a nível interno. Penso que, eventualmente, aparecerá alguém para colaborar através de uma associação. Aliás, já me têm contactado nesse sentido. Ainda no Festival D’Artes, duas pessoas mostraram-se, vivamente, interessadas em ajudar a desenvolver algo que ainda não está muito bem estruturado, mas que tem de ser realmente pensado para que não se deixe cair nada do que positivo foi feito, para ter ideias, e, eventualmente, até poder candidatar-se ao Orçamento Colaborativo, e continuar a colocar a Cultura em marcha…”
“AINDA NÃO PARAMOS!”
E está prestes a finalizar um trabalho de dois mandatos á frente do incentivo, realização e apoio às atividades culturais e recreativas da freguesia do Bonfim.
José Soares que, aqui já se escreveu, foi convidado por outras forças políticas, que não os independentes que formam a lista do movimento protagonizado por Rui Moreira, que nem sequer o convidou para dar continuidade ao trabalho que estava a desenvolver – a ele e aos restantes membros do executivo, sendo que o presidente, José Manuel Carvalho, já tinha decídio não continuar nas lides autárquicas -, não deixa, mesmo assim, de esmorecer e promete muito trabalho até ao derradeiro dia de mandato.
“Continuo com a mesma força, o atual pelouro da Cultura apenas termina a sua atividade no dia em que seja passado o legado. Em agosto, teremos menos atividade, como é lógico, devido ao período de férias, mas vamos ter um setembro ativo, com o apoio da Junta à Gala da Rádio SuperFestas; vamos ter a Semana Aberta da Escola de Música do Bonfim; uma exposição na Casa D’Artes, onde teremos ainda a atuação do grupo Saint Dominic’s Gospel Choir. A ajuda nas preparações é ideais dos eventos, bem como as ideias para melhorias nos mesmos à Assessora da Cultura, Dr.ª Ana Costa, e vamos ter o lançamento de um CD por diversos elementos da Esc ola de Música do Bonfim, que é o “Bonfim Blues”.
Trata-se de um CD dedicado a um homem, Michael Lauren, que foi professor na ESMAE, e durante todos os anos em que lá lecionou esteve a viver no Bonfim e fez essa música ‘Bonfim Blues’ dedicada aos bonfinenses, como forma de agradecimento à forma como foi bem acolhido na freguesia. Assim, e aproveitando a disponibilidade do corpo docente da Escola de Música do Bonfim, será gravado, ainda antes do final do mandato, um CD gratuito, com o ‘Bonfim Blues’. Até ao dia de entrega das chaves, o Bonfim vai continuar a ter Cultura, e portanto não vamos esmorecer por estarmos perto do final de uma atividade que leva oito anos seguidos de desenvolvimento… ainda há algum caminho até ao fim”, concluiu José Soares.
Texto: José Gonçalves
Fotos Festival D’Artes: Serafim Silva
Fotos entrevista: Arquivo EeTj
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