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As Fontes e Chafarizes do Bonfim (7) – Fonte da Firmeza, na Praça das Flores

Maximina Girão Ribeiro

 

Desta vez, a nossa atenção recairá sobre a fonte da Firmeza, há muitos anos presente na Praça conhecida pela denominação das Flores. Contudo, este equipamento urbano não é originário deste lugar. A primitiva fonte sofreu duas deslocalizações. Inicialmente, foi a fonte da Trindade que estava situada do lado poente dessa praça, mas foi demolida, em 1853, na altura em que se procedia a alterações urbanísticas da Praça da Trindade.

Os materiais desta fonte estiveram, algum tempo, nuns terrenos das Liceiras. Mas, logo de seguida, por necessidade de abastecer as populações que se iam instalando pela rua D. João IV e artérias circundantes, a fonte da Trindade foi novamente montada, aproveitando-se os materiais dela provenientes para formarem uma nova fonte.

A rua D. João IV foi rasgada nos vastos terrenos que pertenciam à Quinta ou Cerca dos Padres de S. Filipe de Nery, cujo mosteiro se localizava junto da igreja dos Congregados – Santo António dos Congregados, pertencente à Congregação do Oratório. Estes padres possuíam um hospício ou brévia para retiro/descanso dos religiosos doentes ou idosos, que se situava na parte alta da cidade, no ainda denominado Monte dos Congregados.

A Fonte da Firmeza, na esquina da Rua da Firmeza com a Rua de D. João IV

Pois, esta fonte reconstituída esteve por muitos anos colocada no ângulo da rua Firmeza com a rua de D. João IV, artéria que, anteriormente se chamou rua da Duquesa de Bragança, depois rua dos Heróis de Chaves e, finalmente, com o nome que ainda conserva. A fonte era abastecida pelo manancial da Póvoa de Cima, cuja água era abundante e de boa qualidade, segundo rezam documentos da época.

A fonte só foi deslocada da rua da Firmeza, na década de 50 do séc. XX, quando no local foi construída a Escola Soares dos Reis, edifício onde actualmente funciona a Escola de Hotelaria e Turismo do Porto.

O local onde hoje se mantém esta fonte é na Praça das Flores, designada oficialmente, por Praça Dr. Pedro Teotónio Pereira. No entanto, este lugar, em tempos mais recuados era conhecido por Campo do Fojo, por estar numa cova funda, coberta por denso matagal e, no tempo das invasões francesas é referenciado como Campo de Godim.

A traça desta fonte, esculpida no granito apresenta, na sua monumentalidade, um aspecto robusto e sóbrio. No corpo central destacam-se três perfis sobrepostos, ostentando no meio uma forma rectangular, como se fosse um painel ou panejamento, rematado por quatro borlas estilizadas.

Pormenores da parte central

É nesse painel que se encontra o nome da fonte.

Identificação da fonte

Este conjunto, da parte central, ostenta superiormente, uma espécie de platibanda, no cimo da qual de destaca uma taça com uma pequena esfera. Esta estrutura central é ladeada por formas sinuosas encimadas, nos extremos, por esferas. A fonte apresenta duas bicas elegantemente trabalhadas, com motivos vegetalistas, que muito contribuem para o embelezamento da mesma.

Uma das bicas

O tanque é baixo e de recorte muito harmonioso, apresentando ainda os ferros que serviam para colocar os cântaros ou outras vasilhas, para encher com água.

A bica e os ferros para pousar as vasilhas

A fonte é ladeada por bancos de pedra que, noutros tempos, convidariam a um descanso, ao convívio entre vizinhos ou a uma bela conversa.

 

  

 

Nota: sobre as Fontes e Chafarizes do Porto poderão consultar a obra “As Nossas Memórias – as Fontes do Porto“ (Volumes I e II), trabalho de que sou co-autora com Arminda Santos, Rui Clare e Luís Pacheco, uma colectânea onde encontrarão outras abordagens diferentes, sobre estes equipamentos públicos.

 

Obs – Por vontade da autora e, de acordo com o ponto 5 do Estatuto Editorial do “Etc eTal jornal”, o texto inserto nesta rubrica foi escrito de acordo com a antiga ortografia portuguesa.

 

Fotos: Carlos Amaro

 

01set21

 

 

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