Menu Fechar

“Contacto” conquista prémios e reconhecimento de palco em palco na itinerância teatral com a comédia “Falar Verdade a Mentir”

Depois dos espetáculos que reafirmaram em “casa” o sucesso conquistado na estreia da comédia “Falar Verdade a Mentir”, de Almeida Garrett, no encerramento da programação da edição de 2021 do Festovar, que aqui damos conta. Uma produção teatral da Companhia de Teatro de Ovar – Contacto, com encenação de Manuel Ramos Costa, que a exemplo de vários outros projetos teatrais desta companhia, que levaram bem longe o trabalho desenvolvido na Casa da Contacto e sua Oficina de Teatro, tem vindo a conquistar prémios, reconhecimento e consagração de palco em palco na itinerância pelo país, marcando muito positivamente este regresso à atividade teatrais após as restrições vividas em tempos de pandemia.

Entre a calendarização de espetáculos realizados no âmbito da habitual itinerância teatral e vários outros eventos nacionais das artes de representação, que começaram por levar em fevereiro, a Contacto e a sua 75.º produção “Falar Verdade a Mentir” a Setúbal, ao XXII Fórum Permanente de Teatro da Federação Portuguesa de Teatro e Artes Performativas, assim como às Segundas Jornadas de Teatro, organizadas em Avintes, pelo Grupo Mérito Dramático Avintense.

Seria no entanto na Povoa do Lanhoso, no Theatro Club em que se realizou de 5 de fevereiro a 12 de março, o XVII Concurso Nacional de Teatro – Ruy de Carvalho (Conte`2022), que a Contacto mais uma vez viu reconhecida a sua qualidade artística e reforçado o prestígio do seu teatro e cultura, ao ser a companhia mais premiada, depois de ter estado nomeada para nove das dez categorias, acabando por conquistar sete galardões, nomeadamente nos prémios:

Melhor Desenho de Luz (Prémio Orlando Worm), João Barge;

Melhor Sonoplastia, Fernando Rodrigues

Melhor Cenografia (Prémio João Barros), Manuel Ramos Costa

Melhor Guarda-Roupa, Manuel Ramos Costa

Melhor Interpretação Principal Feminina, Andreia Lopes

Melhor Interpretação Principal Masculina, João Martins

Melhor Encenação, Manuel Ramos Costa

Para levar à cena “Falar Verdade a Mentir”, a Contacto participou no 28.º Encontros de Teatro do Círculo de Recreio, Artes e Cultura de Paços de Brandão (CiRAC), e subiu igualmente ao palco do Centro Estudos Camilianos, no âmbito do XV Festival do Grupo de Teatro Amador Camiliano (Grutuca), que promove o Festival de Teatro Amador de Seide S. Miguel, em Famalicão.

A permuta teatral partilhada pelas muitas companhias e grupos de teatro amador, fundamental na promoção do teatro junto das populações pelo país, em que a Contacto se tem afirmado com produções inesquecíveis para o público, incluiu ainda a sua participação no Fest’Arte 2022, do Teatro Amador de Sandim (TAS), em Vila Nova de Gaia. A obra de Almeida Garrett, sob direção de Manuel Ramos Costa, marcou vários outros palcos, como no 37.º Festav na Escola Dramática e Musical de Valboense, em Valbom – Gondomar, bem como na edição do Festival da Primavera, organizado pela Tuna “A Vencedora”, de Vilar de Andorinho.

Esta tem sido uma temporada teatral recheada de bons espetáculos e de reconhecimento e conquista de prémios, pela interpretação da peça “Falar Verdade a Mentir”, que são o corolário do sucesso do Festovar, cuja última edição aqui procura-mos fazer uma abordagem em jeito de balanço, em que na altura ouvimos alguns dos seus responsáveis, como o diretor do certame, Fernando Rodrigues e o encenador e presidente da Contacto, Manuel Ramos Costa.

 Festovar 2021 homenageou Manuel Pires Bastos e encerrou com estreia da comédia de Almeida Garrett “Falar Verdade a Mentir”

A mais recente edição do Festovar organizado pela Contacto que decorreu de 8 de outubro a 20 de novembro, teve como tema uma justa homenagem ao Padre Manuel Pires Bastos, correspondendo a várias manifestações de reconhecimento expressas por diferentes nomes da politica local ou da cultura, como o escritor Carlos Nuno Granja, que afirmou, “não podemos deixar que o seu valor humano e tudo o que representou para Ovar, o concelho e todos os ovarenses caiam no esquecimento”, porque, como também destacou Manuel Malícia, “Manuel Pires Bastos foi, à sua Maneira, a personificação de um tempo de afirmação cultural de Ovar na última metade do século XX e rasgando o alvor do milénio”. Memórias e palavras de gratidão ao homem de cultura e humanidade, que esta Companhia de Teatro de Ovar evocou, à “figura incontornável da vida associativa da Contacto”, como sublinhou igualmente o diretor do Festovar, Fernando Rodrigues, que, em declarações ao nosso jornal a propósito do encerramento desta 28.ª edição do Festival, afirmou com agrado, que “foi um evento bem conseguido”, realçando o sucesso da estreia da peça “Falar Verdade a Mentir” de Almeida Garret, com encenação de Manuel Ramos Costa.

No final de mais uma representação da comédia “Falar Verdade a Mentir”, a 75.ª produção teatral da Contacto, que ainda antes de iniciar a programação de saídas no âmbito das permutas pelo pais, subiu ao palco da Casa da Contacto mais duas vezes (4 e 11 de dezembro), o sentimento do público e de toda a família desta Companhia e seus convidados, era de enorme satisfação pelo espetáculo proporcionado a um público desejoso de rir, de dar saudáveis gargalhadas.

Como nos destacou Fernando Rodrigues, “o programa incluiu basicamente farsas e comédias, porque as pessoas estão ansiosas por peças bem-dispostas, e nós tentámos que o programa fosse sempre em crescendo abordando o universo da comédia e do fantástico”. Afirmando ainda com visível satisfação, “terminamos muito bem”.

O diretor do Festovar realçou também, que, “a forma como o Ramos Costa conduziu os atores e o trabalho global do ponto de vista do guarda-roupa, do trabalho de atores, desenho de luz ou da banda sonora. Fomos felizes e não podíamos ter escolhido melhor trabalho para terminar”. Porque, “além do mais é um autor clássico, é uma peça também abordada nos programas escolares. Nós acreditamos que esta peça pode vir a ter muito êxito”.

Para já “o Festovar fechou desta maneira com chave de ouro. Mas melhor do que isso, foi também ver que o público, apesar do tempo que vivemos, aderiu aos espetáculos. Aderiu de forma significativa”. Uma vez que, “a taxa de ocupação foi muito boa, o que ilustra que o publico ainda se mantem apesar de todas as dificuldades que se vivem com a pandemia”. O Festovar é assim “uma aposta ganha” concluiu Fernando Rodrigues.

A mesma sensação de satisfação por ver mais um projeto teatral reconhecido pelo público, foi partilhada com o nosso jornal pelo encenador Manuel Ramos Costa, que nos falou do porquê da opção por este texto de Almeida Garret, “Falar Verdade a Mentir”.

Ainda que esta edição do Festovar tenha escapado a medidas mais restritivas como as que marcaram a edição de 2020, Manuel Ramos Costa lembrou que, “no tempo da pandemia que ainda estamos a atravessar, temos privilegiado as farsas, peças que de alguma forma podem dispor bem e divertir o publico”, porque, “de facto os tempos são de grande sofrimento, e as pessoas poderão ver no teatro, com uma peça que possa de certa forma ser divertida, esquecer este medo, este clima assustador da pandemia, que há dois anos vem a ameaçar-nos”.

Por isso, e na sequência de anteriores projetos por si encenados para últimas edições do Festovar, como, “Um Pedido de Casamento” e ”O Urso”, ambos textos de Anton Tchekhov, ou ainda “Pranto de Maria Parda” de Gil Vicente. Manuel Ramos Costa, decidiu fazer “uma peça de um grande autor português, de um homem que de certa forma revolucionou o teatro que se fazia cá em Portugal, mais concretamente no D. Maria”, referindo-se a Almeida Garrett e a várias das suas peças, como: “O Frei Luís de Sousa”, “O Alfageme de Santarém”, e “Falar Verdade a Mentir”, a peça que encerrou de forma brilhante esta edição do Festovar e já é cartaz de destaque para vários outros palcos pelo país.

Sobre este texto fabuloso de Almeida Garrett, o reconhecido encenador de projetos teatrais de sucesso, Manuel Ramos Costa, referiu-nos que se propôs fazer um trabalho, tornando-o “mais leve e o mais engraçado, e assim o poder-mos também apresentar ao público, fazendo com que ele esquece-se de certo modo a pandemia e as coisas da vida mais duras”. Mas também, “porque nunca tínhamos feito Almeida Garrett e era uma falha muito grande. Já fizemos muitos autores e faltava-nos fazer este”.

Por isso, “escolhemos Falar Verdade a Mentir”. Admitiu o encenador, que “um dia quem sabe, a peça que eu gostaria também de levar à cena, quando os tempos estiverem mais agradáveis, quando não houver esta opressão da pandemia, será o Frei Luís de Sousa, que é também uma peça muito interessante, mas que atualmente, para os ritmos atuais tem que ser muito bem trabalhada”.

Foi por isso, segundo Manuel Ramos Costa, “um prazer e um desafio trabalhar esta peça, porque sendo um texto muito denso, é também um texto duro, e é difícil fazer deste texto uma peça divertida, porque ela assenta nas mentiras do Duarte, naquela mania compulsiva de estar sempre a mentir e sempre a inventar, formas de enganar (…)”. Uma peça que mergulha no mundo da alta burguesia portuguesa da primeira metade do século XIX, e da história do noivado imprevisível e insólito, de Duarte Guedes e da sua noiva Amália, em que seu pai, o comerciante Brás Ferreira, ameaça anular o casamento se apanhar Duarte numa das suas mentiras.

Jogo de mentiras e verdades que conta com a intervenção dos personagens, Joaquina e José Félix, criados que tornam as mentiras de Duarte credíveis, enredo em que surge ainda o General Lemos. Uma comédia em que “ajudaram à mentira, o que é verdade”, e assim “passou a ser verdade”, porque, “é assim no jogo de mentiras e verdades, que decorre esta peça”, concluiu salientando, “acho que o espetáculo resultou bem. As pessoas saem com um sorriso no rosto”.

Com encenação de Manuel Ramos Costa, a peça “Falar Verdade a Mentir” de Almeida Garret, levada à cena pela Contacto, tem o seguinte elenco artístico: Andreia Lopes (Joaquina), António Ferreira (General Lemos), João Martins (José Félix), Luís Ribeiro (Duarte Guedes), Margarida Martins (Amália) e Miguel Duarte (Brás Ferreira).

 

Texto: José Lopes

Fotos: José Lopes e Contacto/Facebook

 

05mai22

 

 

 

 

Partilhe:

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado.

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.