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O Porto é uma cidade segura? “Sim… mas!” E o “mas”, para autarcas, associações locais e sindicato, passa por policiamento de “proximidade” e um “maior contingente de efetivos”…

O “Etc. e Tal” teve como que a ousadia de convidar vereadores da Câmara Municipal e representantes de partidos com assento na Assembleia Municipal para um inquérito em que a única pergunta foi “O Porto é um cidade Segura?”. Um tema ao qual não obtivemos muitas respostas, talvez por “erro de contacto”, ou trabalho a mais por parte dos convidados. Bem, continuemos…

Diretamente à questão respondeu António Fonseca – antigo presidente da União de Freguesias do Centro Histórico, atualmente, líder da Associação de Bares da Zona Histórica do Porto, da Associação Cívica + Porto e ainda da Associação de Afectados por Inundações e Calamidades -, assim como Paulo Santos, responsável máximo pela Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP-PSP), considerando, ambos, que o Porto é uma cidade segura, acrescentando, porém, um… “mas”, ou um “contudo”.

Já o deputado da Assembleia Municipal, eleito pela CDU (PCP-PEV), Rui Sá, em entrevista ao “Etc. e Tal”, e publicada na presente edição, na secção “Especial”, é da opinião que a cidade Invicta tem focos de insegurança, dando a conhecer casos concretos de marginalidade e violência com ass quais milhares de pessoas convivem diariamente.

Por outro lado, o presidente da edilidade, Rui Moreira, focou-se na questão, aquando da visita do ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, traçando-lhe, sobre a Segurança na Invicta, um quadro nada atraente… Mostrou-se, na altura,, essencialmente, preocupado com os novos focos de “insegurança” na cidade e da urgente resposta a dar pelo poder central.

ANTÓNIO FONSECA:”HÁ FALTA DE AGENTES DA PSP NAS ZONAS DE ANIMAÇÃO NOTURNA

Para o antigo presidente da União de Freguesias do Centro Histórico, e atualmente, líder de diversas associações, com destaque para a de Bares da Zona Histórica, António Fonseca, o Porto “poderá considerar-se um Cidade Segura, mas, há sempre o ‘mas’, ou seja,  receio que os argumentos que os governantes usam, nomeadamente quando fazem comparação com os restantes países da Europa, não correspondam à realidade, caso contrário Portugal não teria caído no ranking dos países mais seguros, facto”

“Relativamente ao Porto em concreto”, continua António Fonseca, “o fator mais preocupante é o sentimento de insegurança que se reflete na população em geral, para o efeito contribui a falta de policiamento, a falta de equipamentos de videovigilância nos locais mais problemáticos e/ou propícios à pratica de crime, como também a falta de presença de efetivos da PSP nas zonas onde haja espaços de animação noturna, presença que evitaria as situações que têm ocorrido nos últimos tempos (tumultos, assaltos e vandalismo). Combater a criminalidade passa pela prevenção, isto é, antecipar defesas e não fazer o seguro depois do sinistro”, concluiu.

PAULO SANTOS (ASPP/PSP): “SE O PORTO É UMA CIDADE SEGURA? A RESPOSTA QUE ME APETECE DAR É SIM, CONTUDO…

Foto: Carlos Amaro

Respondendo diretamente, através de email, à questão por nós colocada (O Porto é uma cidade segura?), Paulo Santos, presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia – ASPP/PSP, começou por referir (escrevendo) que “à pergunta se o Porto é uma cidade segura, a resposta que me apetece dar é, sim, a cidade do Porto é uma cidade segura. Contudo, esta resposta tem de ser ainda sustentada, com base na evolução que a própria cidade tem sentido, quer ao nível do fluxo de turistas que tem tido, quer  do aumento da movida e de todas as implicações que isso acarreta”.

Assim sendo, “e nessa perspetiva”, é “de salientar ainda mais os níveis de segurança, uma vez que, em muitas cidades, com esses fluxos e outras dinâmicas, as mesmas possuem grau de criminalidade muito superior”.

É TEMPO DE INVESTIR NO EFETIVO…

Foto: Carlos Amaro

Mas, para Paulo Santos, “há também a perspetiva da segurança efetiva e da perceção de segurança, algo que sendo diferente, no caso do Porto, estas duas realidades cruzam-se, pois a cidade do Porto é efetivamente segura e a perceção dessa segurança existe. No entanto, tem-se assistido a um conjunto de episódios, os quais apesar de isolados são preocupantes, dada a maior violência usada, mas algo que acreditamos que a PSP se encontra a monitorizar”.

Concluindo, o responsável máximo pela ASPP-PSP, referiu que “temos preocupações que passam pela questão da dificuldade de candidatos para a PSP e ainda pela necessidade de rejuvenescimento da PSP, o que aliado à disposição das esquadras na cidade e à organização a que obedece pode tornar-se um constrangimento para o serviço policial”

“A ASPP/PSP considera que é tempo de investir no efetivo, reorganizar a Instituição e dignificar os profissionais,  isto para benefício não só das populações do Porto, como do país”, concluiu. 

 RUI SÁ: “O PORTO NA QUESTÃO DE SEGURANÇA NÃO ESTÁ BEM!

Foto: Francisco Teixeira

Para líder do grupo municipal da CDU, Rui Sá, em entrevista ao “Etc. e Tal” – publicada na presente edição de julho -, “o Porto, nessa questão de segurança, não está bem! A situação que se vive, por exemplo, na Pasteleira e em Pinheiro Torres. E, outra vez, na Sé. Os focos em Ramalde, Francos e no Viso, e também no Cerco. Estas são zonas de território entregues à marginalidade e de quem põe e dispõe daquela gente. A resposta a esta problemática deveria ser dada pelo Governo, pois é quem tem competências nesta matéria. E, a verdade, é que o que vemos das forças policiais é uma vergonha! Como é uma vergonha, por exemplo, a Câmara do Porto ter comprado dez viaturas para a Polícia de Segurança Pública, isto não cabe na cabeça de ninguém. É um Estado mendigo! Uma autarquia a oferecer ao Estado, esse tipo de meios?!”

Ainda de acordo com o deputado municipal e um dos mais antigos autarcas, em exercício, no Município, “preocupa-nos também as situações – que esperemos ser pontuais -, como o assassinato daquele jovem, aquando das comemorações da conquista do título pelo Futebol Clube do Porto. E vemos gente com armas a disparar, em plena luz do dia, no Cerco do Porto…”

Relativamente à videovigilância, Rui Sá é da opinião que “as pessoas percecionam que, com a videovigilância, ficam mais acauteladas. É evidente que pode ter alguma importância do ponto de vista pontual, mas há perigos associados à videovigilância, como a proteção de dados; a utilização abusiva de imagens… que é algo que nos preocupa, e isso não resolve o problema! Estamos fartos de ver, nos Estados Unidos, que tem muita videovigilância, etc., crimes e mais crimes, pelo que isso não inibe à prática crescente da criminalidade. Como também nos preocupa o policiamento de proximidade…”

O FOCO PRINCIPAL É REFORÇAR AS FORÇAS DE SEGURANÇA

Foto: Francisco Teixeira

“Se fosse eu a mandar, as prioridades da Polícia Municipal eram revistas. Vejo a Polícia Municipal muito mais preocupada com questões relacionadas com o estacionamento para resolver os problemas dos concessionários dos parcómetros, e eu gostaria que a Polícia Municipal estivesse mais vocacionada para estar próxima das pessoas e dar-lhes, assim, o sentimento de segurança que todos nós necessitamos. Sendo que, a Polícia Municipal não é uma polícia de segurança, mas a presença de um agente da Polícia Municipal fardado daria, naturalmente, um maior nível de confiança às pessoas.

Portanto, quando se fala em videovigilância está a descurar-se aquilo que deveria ser uma intervenção mais eficaz… de outro tipo. Daí, o voto contra, de Ilda Figueiredo, no Executivo, à videovigilância. O foco principal é reforçar as forças de segurança, dando-lhes mais meios, e colocando-os em maior proximidade, nos locais onde as pessoas necessitam da sua presença”, concluiu Rui Sá.

RUI MOREIRA: “A VIDEOVIGILÂNCIA NÃO SUBSTITUI UM CONTINGENTE MAIS EFETIVO

Foto de Arquivo – Miguel Nogueira (Porto.)

  O presidente da Câmara Municipal, Rui Moreira, reuniu, no passado dia 13 de junho, com o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, manifestando-lhe a sua preocupação face aos “novos focos e novos tipos de insegurança na cidade do Porto” que ocorreram no pós-pandemia. O ministro prometeu-lhe um novo contingente de agentes da PSP.

O edil, referindo-se em concreto à videovigilância, salientou que esta é vista como um passo positivo para o auxílio das funções da PSP. Mas foi referenciado, quer por mim quer pelo presidente da Câmara de Lisboa, que isso não substitui um contingente mais efetivo das forças de segurança, ou seja, da PSP”.

“No nosso entendimento, ouvindo todos os operadores que funcionam na Movida e também a população que ali circula, se há policiamento gratificado que faça sentido, é exatamente nessas zonas da cidade. Se não há policiamento, os atores económicos estão interessados em que haja policiamento na zona da Movida, e estão disponíveis para o pagar”, disse, na altura, Rui Moreira ao titular da pasta da Administração Interna

“A direção nacional da PSP entende que o policiamento gratificado pode ser feito dentro de lojas de ouro, dentro de supermercados, dentro de centros comerciais, mas não pode ser feito na via pública”, lamentou Rui Moreira, apontando “uma enorme contradição”. “É que a Metro do Porto, e bem, pediu policiamento gratificado nas zonas onde a Metro do Porto, aqui na Baixa, tem tido tapumes que dominam a via pública e limitam a visibilidade de determinados recantos. Portanto, eu pergunto: se a Metro do Porto, e bem, consegue ter policiamento gratificado, porque é que a Câmara do Porto, interessada que está em ter policiamento gratificado, nomeadamente nas zonas da “movida”, não tem?”, questionou.

E fica a pergunta quanto a um dos muitos casos concretos de insegurança na cidade do Porto.

E nós – não querendo, de futuro, noticiar casos como o que aconteceu aquando dos festejos da conquista de mais um campeonato pelo FC Porto -, independentemente de termos tido pouco recetividade ao inquérito realizado, não vamos ficar quietos, e voltaremos a abordar o tema da (in)segurança no Porto, porque temos olhos na cara e vamos vendo o que vai acontecendo em alguns bairros sociais da cidade, com a crescente e evidente preocupação dos moradores lá residentes.

 

Texto: José Gonçalves (*)

 

Foto de destaque: Miguel Nogueira (Porto.)

Fotos: Carlos Amaro, Francisco Teixeira e Arquivo de pesquisa Web do EeTj

 

(*) com Porto.

  01jul22

 

 

 

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