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TERMINAL INTERMODAL DE CAMPANHÃ É JÁ UMA REALIDADE! A freguesia mais esquecida do Porto regressa, finalmente, ao “mapa” da cidade! Mas, ainda assim, alguém foi… esquecido na cerimónia de inauguração

O Terminal Intermodal de Campanhã (TIC) foi, finalmente, inaugurado, na manhã de hoje (20jul22), pelo presidente da Câmara Municipal do Porto (CMP), Rui Moreira, e aberto ao público, ao início da tarde.

Depois de cerca vinte anos de espera pela sua concretização, o presidente da CMP inaugurou uma obra orçada em mais de 13 milhões de euros e com uma área verde superior a 4,6 hectares, factos que, por si só, revolucionam uma das mais esquecidas freguesias do Porto em termos de obras de fundo – estruturais – nas últimas décadas.

 

José Gonçalves    Francisco Teixeira

(texto)                      (fotos)

 

Na cerimónia de inauguração, e após uma visita guiada por Cristina Pimentel, antiga vereadora da CMP, e atual presidente do Conselho de Administração da STCP, Rui Moreira destacou a obra que acaba por “revolucionar o paradigma da mobilidade da cidade do Porto e da Região Norte”, e que junta, num só local, autocarros da STCP, operadores privados, comboios urbanos e de longo curso, metro e táxis, e tem ainda um parque de estacionamento com capacidade para 230 automóveis e uma centena de bicicletas.

Foto: Porto.

 

Foto: Porto.
Foto: Porto.

Ora, com esta oferta de serviços, o TIC contribuirá – segundo realçou o Gabinete de Comunicação e promoção da CMP, em nota enviada à Imprensa – “para uma redução de 1.776 tep (toneladas equivalentes de petróleo) na baixa do Porto.

 A área de intervenção foi de 50 mil metros quadrados, ocupando o TIC 24 mil metros quadrados de área bruta total de construção e uma área ajardinada (repetimos os números, porque é importante salientá-los) de 4,6 hectares, representando a maior cobertura verde alguma vez implantada num edifício público do Porto. A gestão operacional do Terminal Intermodal de Campanhã fica a cargo da STCP Serviços.

 E estes como outros números foram reconfirmados por Rui Moreira, num discurso que, a seguir reproduzimos, e que ficou marcado por um esquecimento: o nome do falecido (em março do corrente ano) presidente da Junta de Freguesia de Campanhã, Ernesto Santos, que também muito contribuiu – dentro das suas limitações, como é óbvio, tendo em conta os “poderes” atribuídos às juntas de freguesias – para que este “sonho se tornasse realidade”.

RUI MOREIRA:SEREMOS IMPLACÁVEIS NA REGULAÇÃO DEFINITIVA DO TRANSPORTE INTERURBANO, REGIONAL E INTERNACIONAL NA CIDADE!

O presidente da CMP começou o seu discurso com um “lembrete” e uma “nota factual” ao seu antecessor à frente dos destinos da autarquia tripeira.

“Há quase 19 anos, no âmbito de uma visita ao Porto do, então, primeiro-ministro, Pedro Santana Lopes, o meu antecessor anunciava a construção de um terminal intermodal, aqui, em Campanhã. Um projeto que pretendia que fosse estruturante, mas que não passou de uma intenção… não passou de uma mera promessa”.

As coisas mudariam, porém, a 14 de julho de 2015. “Há precisamente sete anos, esteve aqui comigo, um outro primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, e, aqui, num terreno outrora abandonado, e no âmbito da celebração do Acordo do Porto, referiu o seguinte: ‘este acordo indemniza a cidade pelos terrenos do aeroporto Francisco Sá Carneiro, acerta contas quanto a diferendos antigos a respeito da Sociedade de Transportes Colectivos do Porto, quanto a valores devido á Metro do Porto e ao financiamento da Sociedade de Reabilitação Urbana que, doravante, passará a ser detida, a cem por cento, pelo município. Este acordo abre ainda a porta à construção do Terminal Intermodal de Campanhã, prometido à cidade, pelo menos desde 2003, e que, agora, vai finalmente sair do papel’, fim de citação”

Mas “para sair do papel”, continuou Rui Moreira, “havia que garantir um conjunto de condições: desde logo, assegurar áreas contíguas aos terrenos disponibilizados pelo Estado, e que eram insuficientes. Depois, ajustar o programa com vários parceiros e interessados, e à luz da nossa estratégia, que tinha como eixos a reorganização de todo o sistema de transporte público do Porto, e a descarbonização da cidade”.

“Com o Terminal Intermodal de Campanhã construído, cumpre-se, assim, uma prioridade assumida pelo Município do Porto, de promoção do cidadão multimodal; de aposta no transporte público eficiente e sustentável, contribuindo para a neutralidade carbónica no ‘Pacto do Porto para o Clima’, uma vez que a infraestrutura vai permitir uma diminuição de tráfego de pesados no centro da cidade, estimando-se uma redução de 1.776 toneladas equivalentes de petróleo. Por isso, é com visível orgulho que, hoje, vejo a nossa promessa concretizada. O Porto e a Região têm, finalmente, o Terminal Intermodal de Campanhã”.

A FREGUESIA DE CAMPANHÃ GANHA, HOJE, UMA NOVA ÂNCORA

E o presidente da CMP regressou a 2015, “pois, nessa data, assumimos, então, que os terminais rodoviários e as interfaces de transporte público, seriam elementos-chave da nossa política de mobilidade sustentável, com o papel de dinamizadores da intermodalidade, ao permitirem reforçar a quota dos transportes públicos nas deslocações dos cidadãos, bem como aumentar a eficiência das deslocações diárias”

“Mas, nesta equação”, realçou Rui Moreira, entra, também, a freguesia de Campanhã. Outras das prioridades da minha política, que, hoje, ganha uma nova âncora. Não apenas um terminal gerador de emprego e negócio (55 empregos de imediato), mas, doravante, um novo parque urbano com cerca de cinco hectares, com 1.600 árvores plantadas e que ainda tem uma ligação pedonal ao jardim da Quinta da Bonjóia.

Duas ambições cruciais que, desde o início, determinaram que o Terminal Intermodal de Campanhã fosse, simultaneamente, um ponto agregador de grandes fluxos a nível metropolitano e regional, e um polo gerador de novos fluxos. E, em paralelo, a nossa aposta em transformar Campanhã numa centralidade urbana e metropolitana, geradora de tráfego, enquanto origem e destino na rede intermodal regional. Estou certo de que, hoje, cumpriu-se esta dupla ambição.”

ELOGIOS A NUNO BRANDÃO COSTA

Rui Moreira entendeu, entretanto, “detalhar um pouco mais, sobre o longo caminho que percorremos até chegarmos ao importante dia de hoje. Em junho de 2016, lançámos o concurso de conceção do Terminal, no qual procuramos valorizar o rebatimento do tráfego rodoviário de passageiros provenientes de grandes eixos viários, como o IC3/A20, o IC29/A43 e a A1, e diminuir a circulação de veículos de passageiros no centro da cidade do Porto”

“O projeto vencedor foi conhecido em fevereiro de 2017, tendo sido escolhido o arquiteto Nuno Brandão Costa. Um arquiteto saído da nossa Escola de Arquitetura do Porto, de onde destacamos, entre os vários galardões que já ganhou, o prémio atribuído pela Associação Internacional de Críticos da Arte (AICA), em 2021, por esta obra”.

Depois de tudo isso, e “desenvolvidos todos os projetos de execução, envolvendo as mais diversas entidades, e encetadas todas as diligências no sentido de garantir a execução do equipamento, em setembro de 2018, é lançado o concurso da empreitada.

Um ano depois, em setembro de 2019, dá-se início à empreitada de construção do Terminal Intermodal de Campanhã, um investimento de mais de 13,2 milhões de euros, financiado em 8,5 milhões de euros, pelo programa ‘Norte 2020’. Em complemento, o Município do Porto assumiu, com recursos próprios, a conclusão aa passagem pedonal, que permite a ligação do metro ao comboio”.

NÃO FORA A PANDEMIA E O TERMINAL INTERMODAL DE CAMPANHÃ JÁ CONSTARIA, HÁ MUITO, DO ACERVO DA CIDADE

E a questão da pandemia veio também a propósito, uma vez que, e segundo Rui Moreira, “os trabalhos de construção do Terminal foram pautados por alguns reveses, comuns a uma obra desta envergadura, mas foram, sobretudo, associados por uma das piores crises sanitárias de que temos memória. Não fora a pandemia e o Terminal Intermodal de Campanhã já constaria, há muito, do acervo da cidade, bem como outros equipamentos e infraestruturas que estão em execução.

Com a conclusão desta empreitada é possível, finalmente, rever a origem e o término de várias linhas de transporte público rodoviário na cidade do Porto, no sentido de as centralizar num grande HUB concentrador e distribuidor de fluxos, e libertar o centro urbano da circulação de veículos pesados de passageiros, com exceção da STCP.”

E o presidente da Câmara do Porto fez também importantes avisos à “navegação”:

“Desenganem-se aqueles que acham que a circulação de veículos pesados de passageiros no Porto vai continuar igual. Este é um terminal aberto a todas as operadoras e a todo o tipo de serviços de transporte rodoviário de passageiros. O seu modelo de operação garante a isenção e equidade, ao basear-se num acesso regulado aos recursos do próprio terminal.

Seremos firmes na otimização deste recurso; seremos implacáveis na regulação definitiva do transporte interurbano regional e internacional na cidade. O terminal tem uma capacidade de mil serviços por dia, servindo cerca de 120 mil passageiros, ou seja, 43 milhões de passageiros por ano”.

Números a ter em conta, como a ter em conta se deve ter, juntamente com o TIC, a “requalificação do Porto Intermodal da Boavista, da STCP, no Bom Sucesso; o investimento da Metro do Porto no Polo Intermodal da Asprela; e ainda o Parque das Camélias, que permite-nos assegurar e, definitivamente libertar, o espaço público da cidade para usufruto e serviço urbano”.

AGRADECIMENTOS

Foto: Porto.

E Rui Moreira terminou o seu discurso, com um lapso de memória, na questão de agradecimentos, e que, como já referimos, ao esquecer-se de o nome de um autarca e amigo seu, como foi Ernesto Santos.

“Termino com um agradecimento a todos os que contribuíram para que o sonho se tornasse realidade. E foram muitas e muitos, desde Pedro Passos Coelho, aos trabalhadores que construíram o Terminal. Agradeço aos vereadores de três mandatos, e permitam-me destacar a antiga vereadora e atual presidente da STCP, Cristina Pimentel, hoje, nossa cicerone. Continuo a agradecer à nossa empresa ‘Go Porto’, ao arquiteto e aos membros do júri que o selecionaram, à Refer e à IP, às empresas que executaram o projeto, aos moradores da vizinhança que toleraram o incómodo da obra…”

“AQUI, ONDE AS LINHAS SE ENCONTRAM, CONSTRUÍMOS CIDADE, CONSTRUÍMOS PROGRESSO!”

 Finalmente:

“Realizamos esta obra com grande empenho, a pensar no Porto e nos portuenses. A pensar em todos os que aqui estudam, aqui trabalham, ou nos visitam, e que, assim, contribuem para o nosso crescimento e desenvolvimento.

Consciente de que a mobilidade sustentável é um imperativo. Uma emergência! Empenhados em garantir que o nosso território se articule com a área metropolitana. Apostados em garantir que o nosso desenvolvimento passará sempre por não deixarmos que a zona oriental da cidade seja o nosso parente pobre esquecido.

Aqui, onde as linhas se encontram, podemos assegurar que demos mais um passo para a que nossa cidade seja mais confortável e mais interessante. Aqui, onde as linhas se encontram, construímos cidade; construímos progresso”.

ERNESTO SANTOS: “NUNCA NINGUÉM FEZ TÃO BEM PELA FREGUESIA DE CAMPANHÃ COMO RUI MOREIRA E O SEU EXECUTIVO”…

Foto: Miguel Nogueira (Porto.)

Falhas toda a gente tem, e nota-se mesmo que foi uma “falha”, até porque ambos além de autarcas, eram amigos.

Foi presidente da Junta de Freguesia de Campanhã, eleito nas listas do Partido Socialista, durante os últimos sete anos e meio. Faleceu no pretérito dia 12 de março. Ernesto Santos – que não foi relembrado na cerimónia de inauguração do Terminal Intermodal de Campanhã (TIC) – foi dos autarcas que mais elogiou Rui Moreira ao longo dos seus mandatos, principalmente pelas obras que irão (ex- Matadouro), e já estão (TIC), a revolucionar uma das freguesias mais esquecidas da cidade ao longo de décadas e décadas.

Em entrevista ao Etc. e Tal, em maio de 2017 – Foto: Pedro N. Silva

Em entrevistas ao nosso jornal (jan2019 e a 27 de janeiro de 2021 – a última concedida ao Etc. e Tal), Ernesto Santos foi lacónico: “nunca ninguém fez tão bem pela freguesia de Campanhã como Rui Moreira e o seu executivo”.

Fotos: Miguel Nogueira (Porto.)

Nós, por cá, sabemos, e demos a conhecer ao nosso público leitor, o quanto Ernesto Santos lutou para ver, entre outras obras, o Terminal Intermodal de Campanhã construído. O TIC é já uma realidade, que – esteja onde estiver – é também um momento de grande felicidade para este Senhor que liderou a Junta de Freguesia de Campanhã.

 O ARQUITETO DO TIC

Nuno Brandão Costa, nasceu no Porto, em 1970, formou-se na Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (FAUP) em 1994, instituição onde se doutorou em 2013, e leciona desde 1999.

Entre 1992 e 1993 colaborou com Herzog & de Meuron, em Basileia, Suíça. De 1993 a 1997 trabalhou com José Fernando Gonçalves e Paulo Providência, no Porto, e em 1998 iniciou a sua prática, na sequência do 1.º prémio no Concurso para o projeto da Biblioteca da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Nova de Lisboa.

O seu trabalho foi exposto na 8,ª Exposição Internacional da Bienal de Venrza, em 2004; na Bienal de arquitetura de São Paulo, em 2005; na “Portugal Now”, na Cornell University, Nova Iorque, em 2007; na “Tradition Inovation” de Tóquio, em 2011; na Trienal de Arquitetura de Milão, em 2004 e 2014; e na 2,ª Bienal de Arquitetura de Chicago, em 2017.

 Nuno Brandão Costa foi autor dos projetos expositivos da Trienal de Arquitetura de Lisboa, em 2006 e em 2018. Esteve nomeado para o prémio “Mies Van der Roche”, 2008, para o BSI – Swiss Architectural Award, em 2012, e para o prémio FAD, 2017. Foi-lhe atribuído o prémio revelação e mérito “Jornal Expresso/SIC”, em 2004, o prémio Secil, em 2008, e o prémio Vale da Gândara, em 2010/2011.

Foi nomeado, em parceria com Sérgio Mah, curador da Representação Oficial Portuguesa na 16.ª Bienal de Arquitetura de Veneza, 2018.

Em 2021 venceu o prémio atribuído pela Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA) na categoria de Arquitetura.

 TERMINAIS E INTERFACES PARA OPERADORES PRIVADOS

Parque das Camélias – Foto: Filipa Brito (Porto.)

 Foram, entretanto, identificados os terminais e interfaces a utilizar pelos operadores privados de transporte público coletivo rodoviário de passageiros, na cidade do Porto.

O Parque das Camélias, na zona da Batalha, receberá as linhas intermunicipais provenientes de Arouca (CCT), Oliveira de Azeméis (centro), São João da Madeira (CCT), Santa Maria da Feira (Fiães) e Vila Nova Gaia (Alheira, Areinho, Camélias, Chãos Vermelhos, Freixieiro, Grijó Outlet-Park&Ride, Igreja de Olival, Interface dos Carvalhos, Pedroso, Póvoa de Baixo, Salgueiros e Vilar de Andorinho).

 

O Terminal Intermodal de Campanhã vai acolher as linhas intermunicipais provenientes de São João da Madeira (CCT), de Gondomar (Alto de Barreiros, Gramido, Medas, Souto), de Paredes (Sarada), de Penafiel (Sebolido) e do Porto (Estação de Campanhã).

 

Já o interface da Casa da Música receberá as linhas intermunicipais da Maia (Aeroporto), Matosinhos (Cabanelas e Lionesa), Santa Maria da Feira (Nogueira da Regedoura) e Vila Nova de Gaia (Afurada e Madalena).

 

O interface do Estádio do Dragão acolhe as linhas intermunicipais de Gondomar (Baguim, Seixo e Souto), Valongo (Ermesinde) e Paredes (CESPU), e o terminal do Viso as linhas intermunicipais da Maia (Aeroporto).

 

Ao mesmo tempo, o polo intermodal da Asprela vai receber as linhas intermunicipais de Gondomar (Forno, H. Fernando Pessoa e Souto), da Maia (centro e Vila da Luz), da Trofa (Coronado), de Matosinhos (Mar Shopping e Marginal Leça), Paços de Ferreira (Modelos), Paredes (centro, Lordelo), Penafiel (centro, Chãos de Baixo), Lousada (centro), Santo Tirso (ER e ERF), Famalicão (CCT), Valongo (Sobrado) e Póvoa de Varzim (CCT).

 

 (*) com Porto.

 

20jul22

 

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