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É urgente o ‘policiamento presencial’ na zona da ‘movida’ do Porto! Defendem os presidentes da Associação de Bares da Zona Histórica e da ASPP

A insegurança” nas noites do Porto, e não só na denominada ‘zona da Movida’, foi o tema que juntou António Fonseca, presidente da Associação de Bares da Zona Histórica do Porto, (ABZHP) e Paulo Santos, responsável máximo pela Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP-PSP), em conferência de imprensa, hoje (05ago22), realizada no emblemático café ‘Guarany’, em pleno coração da Invicta. Curiosamente, os dois protagonistas abordaram essa mesma questão, em inquérito realizado pelo nosso jornal, na passada edição de julho.

 

José Gonçalves            Ursula Zangger

(texto)                             (fotos)

 

A ausência de policiamento presencial nas zonas da ‘movida’ portuense, que, ao fim de semana, podem juntar cerca de 20 mil pessoas, foi a questão mais referida neste encontro com os jornalistas, defendendo António Fonseca – além do colmatar dessa lacuna -, o alargamento da videovigilância a artérias adjacentes às da animação noturna, principalmente depois “do encerramento dos estabelecimentos”, pois “é a partir dessa altura que acontecem os crimes, realizados de forma organizada”.

António Fonseca

Para o antigo presidente da União das Freguesias do Centro Histórico, “casos como o da Torrinha e dos Aliados, podem vir a tornar-se mais complicados, se não se registarem melhores condições de segurança, as quais respondam às novas dinâmicas da noite e madrugada no Porto; dinâmicas essas originadas, essencialmente, pelo crescente número de turistas na cidade”.

Salientando a importância da esquadra do Infante, que pode, segundo António Fonseca, vir a ser, definitivamente, encerrada, o presidente da Associação de Bares da Zona Histórica relevou ainda o facto de só existir, em 3Km quadrados destinados à animação noturna e Movida, a esquadra de Cedofeita como alternativa à do Infante”.

Informando que “há cada vez mais jovens de menor idade nas noites e madrugadas do Porto, a consumir exageradas quantidades de álcool”, António Fonseca mostrou-se cético quanto à importância dada aos postos móveis da PSP, já que as “pessoas não se dirigem a esses postos para apresentarem queixa, e muito menos os turistas”, defendendo ainda uma “coordenação entre os seguranças privados e os elementos da PSP no combate à criminalidade”; criminalidade que considera “pontual”, o que o leva a concluir que “o Porto ainda continua a ser uma cidade segura”.

António Fonseca reitera a “presença da polícia nas ruas”, facto que, em seu entender “diminuirá a criminalidade violenta” e que “a videovigilância – que só deverá entrar em funcionamento lá para dezembro -, deve abranger também zonas comerciais adjacentes aos locais da movida, sendo a mesma importante, não só para combater a criminalidade, mas como uma forma de segurança para quem tenha, por exemplo, algum acidente, problema de saúde, etc.”

O presidente da ABZHP fez questão de frisar, em tom de alerta, que “a situação pode-se complicar” na zona da ‘movida’, pois “quando não há meios, os marginais perdem o respeito pela Polícia”.

 PAULO SANTOS: “OS POLÍCIAS QUEREM DAR RESPOSTA ÀS EXIGÊNCIAS, MAS NÃO TÊM RECURSOS PARA TAL

 

Para Paulo Santos, responsável máximo da ASPP, “a dinâmica da noite é diferente. Há processos mais complexos aos quais a PSP tem de dar resposta Mas, como é que pode dar resposta, se o seu efetivo está cada vez mais envelhecido? Ocupando mais tempo em trabalhos de burocracia ou dando resposta às muitas valências que a PSP tem, como a Escola Segura, Comércio Seguro, e SEF, por exemplo? Elementos que faziam falta nas esquadras e nas ruas”.

O sindicalista criticou também a as declarações do ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, nas quais referiu, enfatizando, “ a entrada de mais mil polícias”, realçando que “o ministro esqueceu-se de referir que vão sair da PSP número idêntico de agentes por pré-aposentação”.

Referindo ainda, que há cada vez menos candidatos a concorrer à PSP, Paulo Santos concordou com António Fonseca no que diz respeito “à necessidade da presença de efetivos da polícia na rua”, facto, que por si só, tem, em seu entender “ um efeito dissuasor”. Mas, não deixou de referir que “a partir dos 55 anos, os agentes podem negar-se a fazer turnos noturnos.”

Paulo Santos – tal como tinha referido ao nosso jornal – disse que “a cidade do Porto continua a ser segura”, e que “isso muito se deve ao empenho dos profissionais da PSP. Os polícias querem dar resposta às exigências mas não têm recursos para tal!”

“A ASPP”, continuou Paulo Santos, “defende juntar à mesma mesa responsáveis institucionais, entidades civis e responsáveis governamentais para definirem uma política de segurança para os próximos dois/três anos”, podendo a mesma acabar com a caricata situação de “em 5Km quadrados de Movida, e não só, há duas esquadras da PSP com somente seis patrulheiros “.

O MINISTRO NÃO PODE VENDER A IDEIA QUE ESTÁ TUDO BEM!

Salientando que a presença de esquadras móveis, já utilizadas há anos, não dão resposta às necessidades, e que “serviram, recentemente, e aqui no Porto, para a humilhação de polícias” – recorde-se que, em poucas horas, duas ‘rulotes’ tiveram de ser rebocadas devido a avaria -, Paulo Santos referiu ainda que “o ministro não pode vender a ideia que está tudo bem! As unidades móveis, como as esquadras, não podem funcionar sem pessoal”, e que “as pessoas, na altura, não iam às rulotes da Polícia porque tinham frio e os agentes tinham de estar de mantas, e sem WC”.

Para o responsável máximo da ASPP “encerrar uma esquadra central e determinante para a cidade, como é a do Infante, é perigoso”, e que que bastariam “duas equipas de intervenção rápida para um policiamento eficaz na movida. Porém, a composição destas equipas foi reduzida para reforçar as esquadras”.

Por último, Paulo Santos disse que há um “maior uso de armas brancas e a imposição de maior violência na prática do crime”, o que significa “um maior desvalor da vida humana”.

 

 

05ago22

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