Menu Fechar

Alemanha com ‘A’ de… Aventura!

Ricardo Guerra

 

As rodas pousam no chão, o regresso ao nosso país à beira-mar plantado espreita pela janela do avião. “Obrigado por viajar com a Lufthansa”. Não há aplausos, mas há sorrisos, pelo menos da minha parte. Chegou ao fim esta aventura: 3 semanas e meia “emigrado” na Alemanha.

Mas vamos começar pelo início.

Afinal, o que é que eu fui lá fazer? Fui fazer um curso de verão na Faculdade de Tradução de Germersheim, que uniu o estudo à diversão. Tive aulas durante a semana, sobre os mais variados ramos da tradução e da interpretação, e excursões ao fim de semana. Tudo em alemão, claro está. Podia ficar-me por aqui e dizer apenas “Foi muito fixe, recomendo”, mas a verdade é que foi muito mais do que isso. Foi uma verdadeira odisseia. 

Antes de mais, esta experiência abriu-me os horizontes profissionais de uma maneira que não achava possível. Ouvi tradutores e intérpretes falar sobre os prós e contras da sua profissão, aprendi técnicas e estratégias de tradução, aprendi vocabulário novo em áreas tão vastas como a medicina, o direito, a linguagem acessível, etc. Tive até a oportunidade de estar numa cabine de tradução a interpretar uma conferência! Percebi que Portugal não é o mundo e há sempre novas formas de abordar certos temas, novas perspectivas, novos caminhos e que é preciso explorá-los para saber o que queremos de verdade. Nesse sentido, o Ricardo que queria ser tradutor quando chegou à Alemanha, não é o mesmo Ricardo que agora pondera outros caminhos…

Mas claro que isso não foi o mais importante. O mais importante aconteceu depois das aulas, nos momentos que tínhamos para conviver, visitar novos países e divertirmo-nos juntos. O ambiente na minha turma era todo internacional: desde egípcios a russos, desde espanhóis a polacos, desde croatas a turcos. As conversas controversas, os risos e as memórias, as piadas internas e os abraços de quem não quer ter de voltar… Todas essas coisas não têm preço. Tudo vale a pena se a alma não é pequena, e as nossas almas aumentaram muito com tanta troca de ideias, tanta troca de culturas, tantas aprendizagens… Tudo em alemão, claro.

Alemão. Ouvir e falar alemão 24/7 foi o elementos chave daquelas 3 semanas e meia que mudaram a minha vida. Foi em alemão que perguntei a pessoas aleatórias o caminho quando me perdia nos primeiros dias, foi em alemão que tive algumas das conversas mais importantes da minha vida, foi em alemão que me ri, foi em alemão que tive saudades e que as superei. O sonho de dominar alemão era um ponto em comum entre todos e todos estávamos no mesmo barco a trabalhar na nossa fluência e vocabulário. Quando nos divertimos, é tudo muito mais fácil!

oznorMB

 E por falar em diversão! Em Estrasburgo vi o espetáculo de luzes mais bonito de sempre, em Heidelberg vi paisagens de cortar a respiração, no Reno encontrei o meu refúgio para relaxar depois de um dia cansativo. Em tão pouco tempo, estive em tantos sítios diferentes que custa até contar. Uns melhores, outros piores, cada a das excursões que fizemos foi feita de peripécias e jogos, de bocas abertas de espanto e, claro, muitas muitas fotos! Deixo-vos a foto mais bonita que tirei, com um coração que me foi tricotado por uma colega, que hoje considero amiga.

O tempo passou tão depressa que no último dia nem percebemos bem o que estava a acontecer. Foi tudo tão intenso, houve tanto para processar… Dei tangos abraços, uma professora até chorou a despedir-se de nós. Aquelas semanas foram únicas e inesquecíveis e todos os dias penso em quantas saudades tenho de acordar e ver as ruas desertas, a pequena praça à beira de casa, até o sino irritante da igreja que me acordava cedo aos domingos.

Mas só é bom voar quando temos raízes para voltar. Então quando o avião pousou no chão e se ouviu “Obrigado por viajar com a Lufthansa”, nunca fiquei tão feliz por voltar a casa.

 

01set22

 

Partilhe:

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado.

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.