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Revista ‘Ecossocialismo’ apresentada em Ovar com debate sobre esta corrente de pensamento…

A Sala dos Fundadores do Museu de Ovar em que se destacavam ainda as obras fotográficas da exposição `O Afecto da Diferença´, acolheu no passado dia 21 deste mês, uma sessão de apresentação da Revista ‘Ecossocialismo’, cujos promotores se propõem “fomentar o debate sobre a corrente de pensamento e de ação ecossocialista, baseada numa síntese marxista com vista à construção de uma sociedade socialista, com superação da dicotomia entre humanos e natureza, em que se torna central mudar o controlo dos principais meios de produção, mas, igualmente, transformar como e porque se produz, (…)”, assume o primeiro número da Revista que, “não defende um ambientalismo politicamente inócuo, mas revê-se na síntese ecológica subjacente à critica de Marx ao capital”, ideias reafirmadas por alguns dos dinamizadores deste projeto editorial ali presentes.

 

José Lopes

(texto e fotos)

 

 

Apresentada a mesa da sessão pelo arquiteto e ambientalista Ismael Varanda, ativista local que moderou este debate, com a participação do seu diretor, Rui Cortes, professor Catedrático da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), especialista em Recursos Hídricos e Ecologia Aquática, investigador do CITAB. Bem como do vice-diretor Pedro Soares, professor Universitário, deputado de 2015 a 2019 e da editora da Revista, Sílvia Carreira, artista plástica e investigadora na área da Cidadania Ambiental e Participação.

Os objetivos da Revista ‘Ecossocialismo’ começaram por ser apresentados por Pedro Soares, abordando a critica histórica ao produtivismo de base soviética, que tal como o sistema capitalista contribuiu para o desequilíbrio ecológico e para a tragédia ambiental, que as alterações climáticas evidenciam, e que, “o sistema continuará a explorar o planeta até que a própria vida humana se encontre ameaçada”.

Assumindo que a base programática da Revista é o Manifesto Ecossocialista Internacional, elaborada por Joel Kovel e Michel Lowy, Rui Cortes e Sílvia Carreira, reforçaram a ideia de através destas ações que vêm dinamizando por todo o país, dar voz a todas as pessoas que procuram a convergência das lutas sociais e ambientais, contra o esgotamento de recursos naturais, “contra as políticas neoliberais, expressão atual do capitalismo selvagem”.

Com uma parceria com a Rede Brasileira Ecossocialista, que integra a Global Ecosocialist Network, a Revista publicada quadrimestralmente, tem a primeira edição esgotada e está já a sair o número dois com artigos e abordagem de temas em que este projeto quer marcar diferença.

Do número um da Revista ‘Ecossocialismo’ destacam-se entre os vários temas de diferentes autores, incluindo as `XIII Teses sobre a catástrofe iminente (ecológica) e as formas (revolucionárias) de a evitar´, por Michel Lowy, `E quando as bombas deixarem de cair?´, um texto do seu diretor, Rui Cortes, em que escreve, “não é possível ainda pensar na reconstrução da Ucrânia enquanto a guerra continuar. Mas as consequências ambientais perdurarão muito para além do conflito e dos sempre esperados acordos de paz. Raramente merecem sequer escassas linhas nos órgãos noticiosos.”

As sementes para promover reflexão, produção e divulgação das ideias que alimentam a visão ecossocialista estão a ser lançadas e a Revista Ecossocialismo assume-se fomentadora desta corrente de pensamento, através de eventos como as que vêm realizando pelo país, deixando a germinar as sementes para que se tornem igualmente sustentáveis.

Na sessão em Ovar, Ismael Varanda, concluiu a sua moderação deixando em jeito de pergunta para novas oportunidades de debate, a ideia de que “a dominação desta era geológica de antropoceno, onde a atividade humana tem um impacto global significativo no clima do planeta, o mais importante, a saber, é que o homem, e em especial «os donos disto tudo» com a ganância do capital, está a esgotar as reservas e está a poluir a terra de uma forma irrecuperável. O planeta está a ser explorado acima da sua capacidade de se regenerar.

Mas pior ainda, as próximas gerações vão sofrer muito com as consequências desta má gestão, diria exploração, desta loucura desenfreada de desenvolvimento em busca do lucro, do lucro e do lucro, a qualquer preço.” Por isso perguntou, “O que poderá ser feito para travar esta dinâmica?”, concluindo, “Será que só vai acontecer quando aos «os donos disto tudo», lhes custar tanto um copo de água como um diamante. Mas se assim acontecer, será numa fase já de grande sofrimento para toda a humanidade, se entretanto nada fizermos.” Concluiu.

 

23set22

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