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A onda dos ‘Pirinéus’

Joaquim Castro

 

 

A errada pronúncia desta palavra já foi aqui tratada, Contudo, há um sem-número de políticos e de especialistas, a propósito da construção de um novo gasoduto, que  continua a cometer este erro, pronunciando mal esta palavra, o que justifica a volta a este assunto. Trata-se da palavra ‘Pirenéus’. De acordo com o dicionário Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, escrever ou pronunciar ‘Pirinéus’ é um erro, pois o termo correcto é Pirenéus.

Referindo o Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa, de José Pedro Machado (Livros Horizonte, Lisboa), (Pirenéus) é um topónimo de origem grega: ‘Pyrenaîa’, é uma cadeia de montanhas entre a Gália e a Hispânia, pelo latim “Pyrenaeos” (montes). ‘Pirinéus’ (ou ‘Pirineus’) é forma inexacta, como se lhe refere Rebelo Gonçalves no Vocabulário da Língua Portuguesa (Coimbra Editora, 1966), que regista ainda a variante brasileira: Pireneus. Diariamente, temos de ouvir ‘Pirinéus’, em vez de Pirenéus, para mal da Língua Portuguesa. Também há um novo fenómeno, aliado a esta palavra, que é a interconexão (de gás, sob os Pirenéus). Parece que muita gente não sabe que temos o termo interligação, que apenas o ouvi ser utilizado por um eurodeputado. Felizmente, já ouço muitos jornalistas a referir interligação, o que muito me agrada..

 

ERROS FALSOS

Marco Neves é autor do blogue Certas Palavras, que se debruça sobre falsos erros de português. É um trabalho muito interessante e muito curioso, que pretende contrariar o que muitos consideram um erro de escrita ou erro oral. Deixo aqui um extrato do trabalho de Marco Neves e, no fim, a ligação para a página de Certas Palavras.

“E agora, como é que eu aprendo a escrever bem?”

Sim, é verdade: desfazer a doce ilusão de que aprender bom português é decorar listas de erros pode criar alguma ansiedade nos inseguros. Mas não temam: a receita existe há muito tempo. É preciso ler muito, escrever muito, falar muito – e estar atento. Não há volta a dar. Mas, também, convém perceber que a gramática quase toda da língua portuguesa já a sabemos desde pequenos: o problema está na fronteira entre o que é ou não é parte da norma – e está também na escrita, que exige muita luta para ser clara, precisa e agradável.

Não pensem que não me preocupo com a língua. Chamem-me para a luta contra as gralhas, contra os erros de tradução (é uma luta diária, que implica reconhecer que estes aparecem no nosso próprio trabalho).

Chamem-me até para a luta contra os estrangeirismos excessivos. Se quiserem, vamos lá lutar contra a mistura de registos (mas não se esqueçam que às vezes essa mistura até é saborosa). Também me parece importante lutar por uma ortografia estável.

Chamem-me, sem hesitações, para a guerra a favor do aperfeiçoamento do estilo da escrita de muitas instituições. Mas não me chamem para lutas absurdas contra a boa língua portuguesa, como ela existe nos lábios de quem fala e nas mãos de quem escreve.

(Esta página deu origem, em 2018, ao livro Dicionário de Erros Falsos e Mitos do Português.)

https://certaspalavras.pt/erros-falsos-de-portugues/

O PORTUGUÊS DO BRASIL

Segundo o jornal Público, de 14 de outubro de 2022, professores e alunos relatam que exame nacional de português penalizava quem usasse a variedade brasileira. Por isso, os professores querem criar um grupo para discutir a aceitação de variedades de português em exames. Para estudar esta situação, a Associação de Professores de Português quer que outras associações façam parte de um grupo de trabalho no conselho científico do Instituto de Avaliação Educativa (IAVE).

Esta questão é muito interessante e justifica uma tomada de posição dos nossos académicos para que os brasileiros e os falantes de outros países de Língua Portuguesa. Vivi em Angola 15 anos, onde ouvi termos e falares que não se usavam em Portugal, então, chamada Metrópole. Para começar, em Angola, Portugal era chamado Puto. Enquanto em Portugal se poderia perguntar: hoje, vais à baixa (da cidade de Lisboa)? Em Luanda, a pergunta seria: hoje vais na baixa (de Luanda). Em Lisboa, poderia ser: ainda não fui. Em Luanda, seria: ainda. Nada mais. Pelos exemplos aqui apresentados, considero que as pessoas desses países devem poder expressar-se de acordo com a sua origem, a sua cultura e as suas tradições.

OS ERROS DO FACEBOOK

Se alguém andar à procura de erros de português, o melhor campo para isso são as páginas do Facebook, mas também as de outras redes sociais. Talvez, o mais frequente, seja o de trocar à, certo, por á, errado. Acredito que muitos desses erros sejam provocados pelo uso inadequado do telemóvel, no que à acentuação diz respeito. Normalmente, os acentos e os sinais estão todos lá. Por exemplo, se quiser escrever à, basta premir essa letra, o que fará aparecer as diversas opções de escolha: à, â, ã, á. Depois, é só mover o dedo para o caracter pretendido e premi-lo. Relembro que o á não existe de modo isolado na Língua Portuguesa. Só existe em palavras como, por exemplo, dará, lá, encontrará, sabê-lo-á, começá-lo-á.

Outro erro muito frequente, consiste em colocar um tracinho, hífen, em verbos que terminam em te: fizes-te (fizeste), disses-te (disseste), colocas-te (colocaste). Há também uma grande confusão, quanto à forma de certas palavras no português falado em Portugal. Considero que tal poderá dever-se à má interpretação do Acordo Ortográfico de 1990. Muitos portugueses pensam que facto, passou a ser fato e que contacto passou a ser contato. Mas tal não é assim. Essas formas de escrita são as que se usam no português falado no Brasil. Em Portugal, continua como dantes. E como a palavra comanda a escrita, um facto é um facto e um contacto é um contacto.

 

Nota: Por vezes, o autor também erra!

 

Fotos: pesquisa web

 

01nov22

 

 

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