Miguel Correia
Conheço pessoas que apostam forte nos resultados de futebol e alguns são autênticas enciclopédias, no que se refere a campeonatos mais eruditos, para não escrever estranhos – há países que nunca imaginei que soubessem o que é uma bola, quanto mais o que fazer com ela! Contudo, não posso dizer que a taxa de sucesso seja muito elevada porque continuam a depender de um trabalho por conta de outrem! Os lucros cobrem algumas despesas, mas casa de férias nas Maldivas está fora do alcance. Porém, tenho de saudar a persistência e dedicação em querer aprofundar os conhecimentos acerca de jogadores e equipas com nomes impronunciáveis, com treinadores formados através do YouTube que se limitam a aplicar a mais básica das táticas: bola para a frente!
Todas as semanas, de forma religiosa, apostam seguindo um palpite fundamentado pelas estatísticas, últimos resultados, historial do adversário e outros critérios minuciosos que, no final do processo de análise, nada ajudam a escolher o conjunto de jogadores que trata ‘menos mal’ a bola. O estudo das condições meteorológicas é tratado da mesma forma e mesmo com a constante evolução tecnológica, há uma qualquer dificuldade em melhorar o grau de eficácia das previsões. Muitos continuam a utilizar o ‘Borda-d’água’ (ou ditados populares) para ter noção do que aí vem…
Nos dias que antecederam a escrita desta crónica – e num breve resumo para memória futura – a nossa capital (e cidades limítrofes) sofreram alterações geográficas severas: há locais que permitem passeios românticos de gôndola ou prática do cultivo de arroz – pelo menos, acreditando nos relatos efusivos do ‘canal nacional da desgraça’. Depois da tempestade, os conceituados jornalistas procuraram não a bonança, mas sim, a quem atribuir as culpas! A ‘Prociv’ (Proteção Civil), com base nas previsões do IPMA (Instituto Mar e Atmosfera), vai emitindo alertas constantes para prevenir a população.
Como por cá tudo funciona ao contrário, de forma inconsciente, os cidadãos assumiram que as previsões meteorológicas estão ao nível das profecias bíblicas e, se está escrito num SMS, vai mesmo acontecer!
Uma vez que os anticiclones e depressões estão sempre em mudança, os respetivos serviços vão atualizando a informação enviada aos munícipes. Tal como na fábula de Pedro e do Lobo, a malta deixa de acreditar até ao dia em que enfrenta a desgraça e se lamenta de não ter sido avisada. Exatamente o que aconteceu no campeonato de futebol da Malásia: o Sarawak Utd., com mais de cinquenta golos sofridos, conseguiu a primeira vitória caseira na última jornada. Ninguém diria.
Foto: Arquivo (pesq. Web)
01jan23