Maximina Girão Ribeiro
Desta vez vamos à descoberta das estátuas situadas na zona das Antas.
Começamos pelo monumento dedicado ao político Francisco de Sá Carneiro, de seu nome completo Francisco Manuel Lumbrales de Sá Carneiro, nascido no Porto, na freguesia de Santo Ildefonso, a 19 de Julho de 1934, no seio de uma família socialmente destacada na cidade, Sá Carneiro faleceu, no exercício das funções de primeiro-ministro, no trágico acidente de Camarate, em 4 de Dezembro de 1980.
Destacou-se como advogado, professor universitário, em Portugal e em várias instituições estrangeiras e como político. Foi um dos fundadores e líder do Partido Popular Democrático/Partido Social Democrata e, ainda, primeiro-ministro de Portugal, durante cerca de onze meses, no ano de 1980. Durante o período do Estado Novo, na chamada “Primavera Marcelista”, salientou-se através da “Ala Liberal”, composta por um grupo de deputados que exerceram um meritório contributo na oposição ao regime salazarista, lutando para o fim do regime vigente. Apoiavam Marcelo Caetano nas suas reformas, aprovando as medidas que fossem no sentido da desejada democratização do país.

O monumento a Sá Carneiro, inaugurado em 1990, ergue-se na praça Francisco Sá Carneiro que, anteriormente, era designada por Praça de Velásquez mas que, teimosamente, ainda hoje, é popularmente conhecida pela anterior designação, a fazer-nos lembrar a ascendência portuguesa do grande pintor espanhol, Diego Rodríguez da Silva y Velázquez (1599-1660), cujos avós eram portuenses. Velásquez foi um dos mais importantes retratistas espanhóis e um destacado representante do Barroco Europeu, sendo o principal artista da corte do rei Filipe IV de Espanha.

Uma das faces deste Bloco ostenta uma citação de Sá Carneiro: “O Homem é nossa medida, nossa regra absoluta, nosso início e nossa meta. Sem absoluto respeito por ele não há, não pode haver, democracia verdadeira.” A mensagem é de difícil leitura, devido à localização em que se encontra, no monumento e porque a sujidade não permite uma boa visualização.

O monumento a Sá Carneiro é da autoria do escultor de Gustavo Bastos, sendo constituído por dois blocos, um forrado apenas a granito e outro de granito e bronze. Gustavo Bastos concluiu com outro nome grande, Lagoa Henriques, o curso de escultura da Escola de Belas Artes do Porto, em 1954.
Ambos obtiveram 20 valores. Para além de professor e mestre, Gustavo Bastos foi um escultor de estatuária, estendendo-se a sua obra por todo o país.
Não muito longe deste jardim circular, onde se localiza a estátua de Sá Carneiro, encontra-se a Igreja de Santo António das Antas, cuja fachada principal merece uma observação cuidada, pois o friso exterior é arte pública.

Os frisos rectangulares, de grandes dimensões, que ladeiam as três portas principais, têm nichos onde se encontram, respectivamente, três santos de cada lado, albergando os da esquerda, as imagens escultóricas em bronze, de São João de Deus, São Dâmaso e São João de Brito e os da direita representam São Teotónio, Santa Beatriz da Silva e Santo António.


O autor destas obras foi o escultor Laureano Guedes (Ribatua), de quem já tivemos ocasião de escrever numa outra crónica.
Obs -Por vontade da autora e, de acordo com o ponto 5 do Estatuto Editorial do “Etc. e Tal jornal”, o texto inserto nesta rubrica foi escrito de acordo com a antiga ortografia portuguesa.
Bibliografia Consultada
QUARESMA, Maria Clementina de Carvalho, Inventário Artístico de Portugal – XIII, Cidade do Porto (1995), Academia Nacional de Belas Artes, Lisboa, p. 47; http://www.paróquia-antas.pt.
ABREU, José Guilherme Ribeiro Pinto de, A escultura no espaço público do Porto no século XX (1996), Dissertação de Mestrado, Faculdade de Letras da Universidade do Porto.
01jun23